Chove, mas também arde: Normando planta resistência na SPFW N59!

Normando - SPFW N59 Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite

Ui ui ui, mon amour… Prepare o espírito porque a Normando fez chover poesia, luto e beleza na passarela da SPFW N59! Com a coleção “Chove nos Campos de Cachoeira”, a marca paraense transformou o Inverno 2025 num statement visual, inspirado na obra homônima de Dalcídio Jurandir (1941), e entregou um desfile que foi puro babado amazônico com camadas de política, ancestralidade e desejo.

Normando – SPFW N59 – Foto: Ze Takahashi – @agfotosite

Sob direção criativa de Marco Normando e Emídio Contente, e styling afiadíssimo de Larissa Lucchese, a passarela virou território sagrado, onde cada look parecia invocar um orixá da floresta. A trilha de Max Blum embalava os corpos como se fossem folhas ao vento, enquanto a beleza assinada por Helder Rodrigues deixava claro: essa moda é viva, molhada, suada e cheia de histórias.

Normando – SPFW N59 – Foto: Ze Takahashi – @agfotosite

E quem abriu os trabalhos? Ela, Carol Ribeiro, encarnando uma entidade matriarcal de blazer e saia em juta e malva amazônica, com meia curta de látex nos pés. Ui! O Brasil rural, o fetiche e a sofisticação numa única silhueta. Já começou como? Arrepiando!

Normando – SPFW N59 – Foto: Ze Takahashi – @agfotosite

Noah veio logo depois com trench coat em re-nylon marrom e camisa branca em algodão pima — combinação que soa básica, mas entrega complexidade em texturas e consciência ecológica. É Normando costurando ativismo com alfaiataria!

Normando – SPFW N59 – Foto: Ze Takahashi – @agfotosite

A estampa “Campo Verde” — que apareceu nos vestidos de Gabriela e Emanuel — é um deslumbre visual. Tem bordado com canutilhos biodegradáveis, sarja de algodão e aquele arzinho de roça em fim de tarde que dá vontade de deitar e sonhar.

Normando – SPFW N59 – Foto: Marcelo Soubhia – @agfotosite

Yuri e Pierre nos lembraram que moda também é texto: usaram camisetas em látex amazônico estampadas com frase e paisagem retiradas da obra de Jurandir. Uma dizia “Chove nos Campos de Cachoeira” e a outra mostrava um coqueiro solitário. Emoção em estado bruto.

Normando – SPFW N59 – Foto: Marcelo Soubhia – @agfotosite

Mayara, Michelli Provensi e Maria Carolina vieram com fogo nos olhos e “campo queimado” nas roupas. Estampas densas, tecidos orgânicos, vestidos que pareciam chamas cortando o ar. Foi babado, foi denúncia, foi arte!

Normando – SPFW N59 – Foto: Marcelo Soubhia – @agfotosite

E quando a coisa parecia amaciar, pá: Thai de Melo aparece com saia de palha de buriti e top de látex branco. Se o mato falasse, gritava o nome dela. Um look que ecoa pajelança e desfile de gala.

Normando – SPFW N59 – Foto: Ze Takahashi – @agfotosite

Teve também clima de boudoir amazônico com Tau em camisola off white, Cíntia em renda soutache e Kennyya vestindo látex como se fosse nuvem quente. É a moda íntima com cheiro de cipó e suor de luta.

Normando – SPFW N59 – Foto: Marcelo Soubhia – @agfotosite

A sequência final foi puro delírio barroco-tropical: vestidos em tafetá com volume de vendaval, lurex, jacquard jacaré, bota de vinil, gola alta e fenda até o umbigo. O roxo profundo apareceu como névoa que antecede a enchente. Foi magia, foi sombra, foi impacto.

NorNormando – SPFW N59 – Foto: Gabriel Cappelletti – @agfotosite

Mon amour… cada look, um fragmento de um Brasil que arde e floresce. Cada costura, um gesto de quem sabe que vestir é também resistir. Normando não veio brincar de passarela — veio plantar sementes na memória de cada fashionista nessa edição N59 da SPFW.

Normando – SPFW N59 – Foto: Gabriel Cappelletti – @agfotosite

Normando, Inverno Amazônico 2025. Chove nos campos, mon amour. Mas também germina.

Foto: Ag Fotosite