Por Fabio Lage – House of Models
Nascido em 17 de setembro de 1984, em Magherafelt, Irlanda do Norte, Jonathan William Anderson não era exatamente o típico prodígio da moda. Filho de Willie Anderson, ex-jogador de rúgbi da seleção irlandesa, e Heather Buckley, professora dedicada, o jovem Jonathan passou parte da infância em Gravanville, Normandia, e teve um verão transformador em Ibiza, onde a dualidade entre o rústico e o sofisticado plantou a semente de seu olhar estético. Diagnosticado com dislexia na escola primária, ele aprendeu a buscar soluções criativas em vez de se render às limitações das palavras. Aos 18 anos, partiu para a Juilliard School, em Nova York, com a missão de se tornar ator – mas foi no figurino que ele encontrou seu palco.

Em 2005, depois de uma breve temporada em Dublin, Jonathan se forma em Fashion Design no London College of Fashion. Três anos depois, em 2008, debutou seu próprio grito de independência: a JW Anderson. Lá, ele misturou referências britânicas – uniformes escolares, estética punk, ares renascentistas – com experimentação de proporções e fluidez de gênero. O NewGen do British Fashion Council não tardou a notar: em 2010, Jonathan já desfilava na babadeira London Fashion Week, conquistando elogios por desconstruir fronteiras entre masculino e feminino, entre o clássico e o vanguardista. Querides, esse foi apenas o trailer do que viria a ser a saga de um estilista que transformou cada peça em verdadeiro enigma, mon amour de Itabira!

Em 2013, a LVMH pipocou numa decisão que soou como “que coro mais ousado”: comprou participação minoritária na JW Anderson e convocou Jonathan para renovar a Loewe, a histórica casa espanhola de artigos de couro. Foram 11 anos de reinvenção: ele criou o icônico Puzzle Bag, fundiu artesanato ancestral com impressões 3D em crochê, projetou crocs em couro e celebrou performances de arte ao vivo nas semanas de moda de Paris. Sob seu comando, a Loewe virou “o queridinho da vez” para millennials e gen Z que ansiavam por luxo que fosse, ao mesmo tempo, artesanal e imersivo. Por isso não é qualquer figurinha que atravessa a Place Vendôme e assume a Dior: Anderson carrega no currículo visão empresarial e um poder de hype certeiro.

Por que Anderson chega à Dior num momento complicado?
Mon petit da Oscar Freire, aqui a gente não suaviza: a Dior não estava nem bem, nem mal — estava no limbo fashion. Em 2024, as vendas caíram de €9,5 bilhões (2023) para €8,7 bilhões, afetadas pela retração chinesa, câmbio desfavorável e inflação que encareceu couro, seda e até os suntuosos botões de madrepérola. No primeiro trimestre de 2025, a receita líquida foi €20,31 bilhões, um recuo de 2% em relação a 2024, quando todo mundo achava que o pós-Covid seria festa. Ainda que os mercados do Japão, Europa e Estados Unidos tenham segurado a onda, a China deixou um vazio de 8% a menos em vendas luxuosas em Paris, segundo dados de maio de 2025. A LVMH, acionista majoritária, respira fundo e percebe que a Dior precisa de uma faísca criativa urgente para reacender a chama e entregar resultado para investidores que viram a cotação cair 3% em abril de 2025. Tarifa extra de 15% nos Estados Unidos? Check. Fabricantes italianos de couro cobrando até 6% a mais pelo quilo? Check. E ainda rola rumor de investigação trabalhista em Milão e ataque cibernético com vazamento de dados de clientes chineses? Que perrengue, bebê. Enter Anderson, o cavaleiro britânico que combina sobriedade couture com pitadas de loucura controlada. É ele quem tem a faca — e o croqui — para virar esse jogo.

Herança Dior: um legado cultivado por titãs da moda
Para entender o que Jonathan Anderson vai encontrar, precisamos revisitar quem, antes dele, se enfileirou no posto de diretor criativo da maison Dior:

Christian Dior (1946–1957): pai do New Look, ele emergiu no pós-guerra com saias volumosas, cinturas hiper-acinturadas e tecidos luxuosos. Transformou a feminilidade em performance artística. Quando morreu em 1957, aos 52 anos, deixou como legado um padrão de elegância quase inatingível.

Yves Saint Laurent (1957–1960): aos 21 anos, sucedeu Dior com a coleção “Trapeze”, que suavizou o corset e aproximou a Dior do prêt-à-porter de luxo. Introduziu uma leveza que chocou até as damas mais tradicionais, mas deixou a maison para fundar sua grife homônima, criando um hiato de identidade.

Marc Bohan (1960–1989): graduado pela École des Beaux-Arts, Bohan comandou a expansão global da Dior por 29 anos, refinando silhuetas clássicas e lançando classics como a Lady Dior. Empurrou a casa para Estados Unidos, Japão e Oriente Médio, ampliou o portfólio sem descuidar do DNA aristocrático.

Gianfranco Ferré (1989–1996): arquiteto de formação, o italiano impôs cortes geométricos e ombreiras estruturais, reinventando a Dior como esplendor arquitetônico. Trouxe um rigor técnico, mas muitos criticaram a frieza de suas criações, decretando: “faltou emoção nos salões”.

John Galliano (1996–2011): o enfant terrible que virou mito — e tragédia. Desfilou óperas barrocas, cenários teatrais, crucifixos góticos e rendas vitorianas. Até que, em 2011, sua carreira implodiu com escândalo antissemitista, deixando a Dior num limbo de reputação… era um dos favoritos ao posto de come back na direção criativa da Dior.

Bill Gaytten (2011–2012): braço direito de Galliano, assumiu como interino para “segurar a bronca”. Revisitou croquis clássicos, manteve a chama viva e, em atonal gesto de gratidão, mandou um cartão de ateliê Haute Couture para a redação do House of Models elogiando nosso editor-chefe Fábio Lage — só coisa fina das costureiras da Place Vendôme, mon amour de Campos Elíseos.

Raf Simons (2012–2015): minimalista pop, luxemburguês que transformou cortes em arte conceitual, trouxe grafismos inspirados em Matisse e batidas eletrônicas ao backstage. Deixou a Dior em 2015, abrindo uma lacuna ao, mais uma vez, questionar a identidade da gigante maison.

Maria Grazia Chiuri (2016–2025): primeira mulher no comando da Dior; introduziu o feminismo estampado em “We Should All Be Feminists” e colaborou com coletivos de mulheres em bolsas artesanais. Seu discurso ressoou no zeitgeist, mas, com a crise econômica, muitos acharam que o manifesto perdeu fôlego sem criar virada de vendas, darling.

E agora, Jonathan Anderson, que soma masculino e feminino, couture e ready-to-wear, carga hype babadeira e apelo mercadológico, mon amour de Jardim Primavera. Ele chega para reunificar tudo o que foi fragmentado ao longo das décadas e dar um verdadeiro choque de realidade ao mercado de luxo, nem sempre preparado para essa “british controlled madness”.

O estilo de criação & identidade híbrida de Anderson: briga de titãs couture-conceitual!
Mon petit, se você leu tudo até aqui, já sacou que Anderson não é “somente mais um”. O cara tem uma assinatura criativa que a gente, no House of Models, adora chamar de “fusão intelectual”… É o seguinte babys:
História versus modernidade: ele bebe dos caldeirões renascentistas, vitorianos e do xadrez britânico, mas retorce tudo com cortes assimétricos, proporções exageradas e tecidos tecnológicos. Por exemplo, naquela primeira temporada masculina em Paris, vimos trench coats de couro com neoprene translúcido, paleta que passava do lilás irlandês ao verde-menta eletrificado e estampas digitais inspiradas em Jean Cocteau. Feramente ou não, ele não replica o passado: ele o rasga, o cola em 3D e o devolve.

Fluidez de gênero: na JW Anderson (desde 2008), cada camisa oversized para homem vira vestido fluido para mulher; cada minissaia escocesa se adapta a Prince of Wales Check masculino. Essa onda “genderless” já conquistou gerações que não se prendem a rótulos bobos. Em 2025, na Dior, tudo indica que essa fluidez vai permear desde a alfaiataria até as rendas couture.
Texturas & experimentação: ele ama malha de juta com seda, já trouxe impressões 3D em crochê para bolsas de couro e até desenvolveu estampa de Rubik’s Cube disfarçada de pied-de-poule. Em Madri, na Loewe, ele aplicava tinta texturizada em couro premium; na Dior, deve fundir o savoir-faire francês de brocados com laser cutting de última geração. Ou seja, mon chéri de Saracuruna, quem usou Bordado visionário encontra, do nada, um recorte a laser que brilha no breu.
Volumes & proporções lúdicas: mangas lanternadas brotam de blazers minimalistas, saias midi flutuam como nuvens de tule futurista e cinturas acinturadas se deslocam para cima ou para baixo, provocando aquele efeito de “quem veste a peça, quem veste mesmo?”. É quase um truque de ilusionismo: os cortes desafiam o corpo e criam dinamismo, como se cada look tivesse o humano reborn próprio. – Risos (rs).

Humor sutil e narrativa posada: mesmo nas peças mais sérias, Anderson planta um “easter egg” babadeiro. Bolso interno invertido que mostra costura, uma estampa de silhueta quase escondida — detalhes que, à primeira vista, parecem algumas “imperfeições”, mas na verdade são provocações inteligentes. No desfile masculino de 2025, rolou até QR code bordado no punho de uma camisa, que, ao ser escaneado, revelava um microvídeo de backstage. Babado puro, darling, porque não basta vestir: precisa interagir.
Colaborações artísticas & interdisciplinaridade: para as passarelas, ele convida pintores, escultores e até DJs que remixam trilhas para a performance. Na Loewe, rolava live painting durante os desfiles; na Dior, rumores dizem que ele quer incluir cenografia de galeria de arte contemporânea, com projeções mapeadas… Se Chanel se apega ao tweed estável e hermético, a Dior de Anderson vai ser um parque de diversões sensorial babadeiro!
Equilíbrio entre desejo comercial e ousadia: o famoso Puzzle Bag da Loewe nasceu dessa equação: design instigante, mas suficientemente “usável” para criar demanda. Na Dior, espera-se que objetos de desejo saiam por valores entre €2 mil e €5 mil, equilibrando com criações couture que podem chegar a €100 mil ou mais. Se o desafio é manter margens em ambiente de custos pressionados (alta de 6% nos couro, inflação, câmbio desfavorável), ele sabe que precisa criar a peça viral — aquele “item desejo” que gera fila online e garante mídia espontânea.

O que Anderson deve encontrar na Dior: tempestade couture no front de batalha econômico…
Quando Jonathan Anderson abrir a porta dos ateliês da Place Vendôme, vai bater de frente com:
Crise econômica do luxo bababdeira: vendas em queda, receita beirando €8,7 bilhões em 2024 (de €9,5 bilhões em 2023), retração de 8% na China e dólar forte atrapalhando americanos. É o tipo de desafio de colarinho branco: manter receita e credibilidade em meio a incertezas geopolíticas e flutuações cambiais.
Custos de insumos em alta: couro italiano e seda francesa subiram até 6% nos últimos 12 meses. Se um corselete couture rende €50 mil de venda, mas custa 30% mais para produzir, é preciso repensar fornecedores e renegociar parcerias. Anderson pode buscar materiais alternativos – couro vegano de estopas recicladas? Seda biodegradável? A meta: chegar a 40% de insumos sustentáveis em 2026, algo inédito na história da alta-costura.
Perspectiva dos puristas couture: costureiras veteranas e clientes “old money” vão questionar cada recorte a laser, cada tecido tecnológico. “Será que é Dior de verdade ou gidori de tecnologia?” Eles veneram o New Look original e não aceitam subversão exagerada. Anderson precisa provar que, no coração de cada peça experimental, existe o mesmo ofício artesanal de 1947, senão vira alvo de críticas: sai moda, entra modismo—e o legado se perde.
Consumidores digitais & novos públicos: enquanto puristas criticam, millennials e Gen Z querem see-now-buy-now, live streaming dos desfiles, NFTs couture e prova virtual com realidade aumentada. Se a Dior não oferecer experiência digital imersiva – em apps proprietários, VR showrooms ou collabs com influenciadores chave – perde share para marcas concorrentes que já dominam esse jogo. Anderson deve criar experiências híbridas: desfile em Paris + evento simultâneo em metaverso (sentado no conforto da cama, você “veste” o look Dior no seu avatar).
Pressão por sustentabilidade & responsabilidade social: denúncias trabalhistas em fornecedores italianos e ataque cibernético que expôs dados de clientes chineses exigem ações concretas de ESG. Anderson precisa implementar rastreabilidade total: do campo que produz o couro ao bordado final, cada etapa auditada para reduzir emissão de CO₂, minimizar uso de água e garantir condições justas de trabalho. Caso contrário, ecoa o famoso “greenwashing de luxo” e a Dior perde credibilidade.
Dinâmica interna & retenção de talentos: ateliês recheados de costureiras que já passaram por todos os absurdos de gerações de diretores criativos sentem receio de uma “revolução tecnológica” que substitua mão de obra artesanal por modelagem 3D e inteligência artificial. Anderson vai ter que mostrar que valoriza a expertise centenária: investir em treinamentos híbridos, combinar bordadeiras experientes com jovens designers digitais e promover “croqui battle” entre tradição e inovação, para manter o clima colaborativo e evitar fuga de talentos.
Cenário competitivo: Chanel, Louis Vuitton e Gucci já ficam de plantão, analisando cada movimento. Chanel reforçará o tweed atemporal e injetará nostalgia analógica; Louis Vuitton deve intensificar colaborações artísticas — provável resposta direta ao “QR code couture” de Anderson; e grifes de nicho (Acne Studios, Jacquemus) saem em busca de “coolness indie”, disputando o público que quer luxo sem pompa. Jonathan precisa vir com propostas tão audaciosas que se tornem referência, impedindo que a Dior fique no “sotaque sóbrio” e perca terreno para rivais mais ousados.
Grupo de stakeholders & investidores: analistas financeiros vão vigiar as métricas: crescimento orgânico de pelo menos +3% em 2026, margem de lucro bruto acima de 75%, ticket médio de €4 200 em boutiques físicas e €2 800 no e-commerce. Além disso, esperam retorno após investimentos em digital e certificações ESG. Se ele não entregar lucro tangível, a cotação da LVMH pode sofrer mais abalos e gerar ruídos negativos no mercado.

Dior nunca mais será a mesma… amém!
Mon amour do Pantanal, a Dior de Jonathan Anderson será cartão de visita do futuro couture: uma equação perigosíssima que mistura tradição artesanal com tecnologia de ponta, luxo de alta-altura com capilaridade digital, discurso social (diversidade, sustentabilidade) e estratégia comercial afiada. Ele vai navegar por águas turvas — crise econômica, puristas desconfiados, concorrência afiada e pressões ESG — mas traz na bagagem repertório para transformar cada gargalo em combustível criativo.
Do corredor de Gravanville, na Irlanda, até o ápice do luxo parisiense, Anderson carrega em si um DNA de resistência criativa: coleções que viram fenômenos de hype, peças que se esgotam em minutos e colaborações artísticas que viram iconografia de moda. Oh my dear, se você acha que a Dior pode simplesmente repetir o algoritmo do New Look, se prepare para ver um vestido que se ilumina em tempo real ou uma bolsa que, mais do que conter pertences, guarda narrativas cifradas. Abalou Bangu, mas, no fundo, ele só está começando…
Portanto, se você é leitor houseriano, já se anote: todo babado de Jonathan Anderson na Dior será um dos pontos altos da moda em 2026. Prepare o close, ajuste o delineador e mantenha o dedo no gatilho do Instagram, porque cada drop, cada backstage e cada bafão vão render poderosos encontros aqui… posts e palpites sem fim. Afinal, quem segura essa montanha-russa couture? Só ele: o britânico que veio para costurar passado, presente e futuro em uma única coleção.
O luxo nunca mais será o mesmo… Atura ou surta, baby, o babado é nosso!
Foto: Reprodução
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