Por Fabio Lage – para House of Models
Mon amour, segura esse controle remoto porque a LED sintonizou o Brasil real e nos entregou um desfile que é novela, statement, crônica de resistência, tudo costurado no ponto alto do crochê. Na SPFW N59, a marca comandada por Célio Dias e Cleu Oliver apresentou a coleção “BR LED SHOW” — um desfile com alma de programa de TV, trilha sonora de VHS e styling de figurino de protagonista rebelde.

A proposta da coleção é clara: celebrar a televisão brasileira como parte da identidade nacional. E não é só referência estética, é memória coletiva em forma de roupa. A trilha sonora, assinada por João Laion e Thiago Bobi, foi uma colagem afetuosa e irreverente de aberturas de novelas, falas icônicas de apresentadores como Faustão, Silvio Santos e Xuxa, além de momentos virais da cultura pop, como o “Brasiiiiiil” de Gil do Vigor. A sensação era de estar zapeando os canais de uma infância coletiva enquanto se assistia a um desfile de vanguarda.

O desfile começou com a top Marina Dias em um vestido inflado em preto e branco que mais parecia uma televisão fora do ar em forma de roupa. E a partir daí, só ladeira acima. Tiveram camisetas gráficas com slogans como “Vale Nada”, “CORRE”, “Superpop” e “Superflop” — trocadilhos entre crítica social e memória afetiva. As listras, já marca registrada da LED, apareceram desconstruídas em várias escalas e texturas: em crochês espiralados, camisaria com padronagem clássica e malhas multicoloridas que lembravam interferência de sinal.

A alfaiataria veio com recortes geométricos, ombros deslocados e um quê de blazer que foi remixado por um stylist de reality show rebelde. Os suéteres e vestidos traziam crochês com pontos diversos, ora densos, ora rendados, criando texturas quase digitais. Vestidos balonê peludinhos foram uma das apostas de volume e drama da coleção, assim como os looks com franjas de malha leve que arrastavam pela passarela como se varressem os excessos da caretice fashion.

O streetwear apareceu híbrido e sofisticado: jeans com padronagem risca-de-giz, moletons com frases irônicas que amamos, peças oversized com pegada utilitária e tênis roxo repetido como assinatura visual. A estampa de oncinha — sempre ela — foi reinterpretada para vestir as Tietas, Porcinas e Babalus da nova geração com sensualidade, humor e desobediência.

O styling, comandado por Rodrigo Polack, fez da passarela uma novela contemporânea: personagens plurais, figurinos que contam histórias e contrastes entre o luxo do exagero e a leveza do popular. As bolsas com franjas exageradas, as clutches com tênis pendurado (sim, um tênis pendurado!) e os bonés com frases de efeito criaram um universo onde cada acessório é também uma fala babadeira, honey!

A beleza — impecável — teve direção de Chloé Gaya, Jacques Janine e Mauricio Pina. Bocas em vermelho intenso, olhos cobertos por óculos escuros, tranças longas com pérolas, black powers volumosos e cabelos platinados moldados com precisão. Cada rosto parecia dizer: “Eu sou a estrela da minha própria novela, honey Lee”.

E o casting? Um capítulo à parte, digno de estreia no horário nobre. Nomes como Douglas Myth, Matheus Prisma, Mar Magalhães, Hadassa Baptista, Lu Perisse, Yanna Lavigne, Juliano Floss, Beatriz Reis (a eterna Bia do Brás), Marcelle Bittar, Augusto Lopes e Pedro Costa desfilaram como quem sabe que o próprio corpo é roteiro, microfone e transmissão em tempo real. Corpos diversos, reais, dissidentes — protagonistas do desfile mais pop-político da temporada.

E claro que o House of Models estava onde? No backstage, mon amour! Nosso apresentador Hedras Graf, em parceria com a TV Vivax, invadiu os bastidores da LED e entrevistou ninguém menos que Bia do Brás. Num papo que foi mais quente que final de novela com vilã sendo desmascarada no tribunal. E não parou por aí: o influencer Juliano Floss também conversou com o nosso repórter — e revelou, com exclusividade, que estará em breve na televisão. Um spoiler desses, só mesmo ao vivo no canal da moda brasileira.

A cenografia assinada por Blood, com direção de Bill Macintyre, reforçou a estética de estúdio de TV experimental. Luzes dramáticas, passarela escura e atmosfera de especial de fim de ano com pitadas de caos criativo. A apresentação terminou com Gal Costa cantando “Brasil” enquanto os modelos se retiravam, deixando a sensação de que algo grande tinha acabado de passar — e que todo mundo precisava assistir de novo… Vale a pena ver de novo? Obvio, né, querides!

Celio Dias não economizou na emoção: “Já é tão difícil estar aqui hoje. Sinto que não estamos aqui só por nós, estamos por várias marcas independentes. Penso que na passarela as coisas não precisam ser tão sisudas.” E ele tem razão. Porque a LED trouxe humor, crítica, afeto e excesso — tudo junto, tudo nosso.

No fim das contas, baby do Brasil… a LED foi além de um desfile. Fez um programa especial em horário nobre, com direito a bordão, merchandising e encerramento emocionante. E o Brasil — que se vê na novela e agora também na passarela — agradece.

House of Models aplaude com franja no chão, crochê no corpo e o coração em estéreo. Porque na LED, vale tudo. Principalmente o que disseram que era demais… Vale a pena ver de novo!
Foto: Ag. Fotosite
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