Por Fabio Lage
Segura esse babado, mon petit… o estilista Lino Villaventura recupera técnicas, tecidos e memórias que definem seu estilo e carreira de quase 50 anos. Em um desfile arrebatador na SPFW N59, o estilista celebrou sua trajetória com uma coleção que mistura tradição, experimentação e pura teatralidade. E não foi só na passarela que o espetáculo aconteceu: nos bastidores, o House of Models + Vivax TV garantiu entrevistas exclusivas com as celebridades que desfilaram para a marca — Ticiane Pinheiro, que pisou na passarela pela segunda vez para Lino, Reynaldo Gianecchini e Samuel de Assis — todos conduzidos com maestria pelo nosso apresentador Hedras Graf… – Abalou Bangu, mon amour!

Diferente da maioria dos designers que estruturam suas coleções a partir de um conceito temático, Lino Villaventura prefere deixar suas criações falarem por si. “Gosto de ver como as pessoas interpretam”, diz Lino. Essa liberdade criativa dá margem a peças que oscilam entre o delírio onírico, a performance e a alta-costura tropical, se mantendo fiéis ao seu vocabulário estético único. É luxo que fala, né manas? Arrasou!

A coreografia do tecido: forma, fluidez e fantasmagoria

A coleção apresentada em São Paulo é uma verdadeira jornada sensorial babadeira. Os primeiros looks exploram a fluidez do plissado translúcido em tons lavanda e branco, construídos com uma leveza quase aquática. Vestidos que flutuam, que abraçam o corpo sem o aprisionar, como se fossem extensões orgânicas da pele. Os tênis brancos quebram a expectativa e injetam uma dose de urbanidade às silhuetas etéreas.

Na sequência, a alfaiataria masculina é desconstruída com cortes diagonais, corsets esculpidos, mangas exageradas e sobreposições utilitárias. Aqui, honey Lee, Lino não apenas subverte o gênero, mas também hibridiza referências — de samurais futuristas a sacerdotes urbanos, passando por guerreiros sensíveis e nômades de um mundo distópico.

Do branco ao breu: silhuetas em transição

Darling, a transição cromática da coleção também é narrativa. O branco inicial se esvai aos poucos em tons terrosos, verdes-oliva, preto e dourado. As silhuetas se tornam mais densas, os tecidos mais pesados, e os recortes mais dramáticos. Looks com armaduras texturizadas, peles falsas desgastadas, plissados em degradé e bordados em 3D constroem uma visão apocalíptica da moda enquanto ritual de resistência e opulência.

Em um dos momentos mais potentes do desfile, surgem peças com adereços de rosto, capuzes rendados, miçangas e franjas que evocam imagens de xamãs, divindades e entidades mitológicas. A moda, aqui, ultrapassa a vestimenta e assume papel performático, cerimonial, espiritual… – O babado é certo!

Celebridades, casting e construção de mitos

Além da potência visual, o desfile de Lino contou com presenças que reverberaram sua força simbólica. Ticiane Pinheiro, Reynaldo Gianecchini e Samuel de Assis desfilaram como extensões vivas do universo lírico do estilista, trazendo ao público a dimensão emocional que transcende o figurino. As entrevistas realizadas pelo House of Models + Vivax TV no backstage revelam os bastidores de um processo que vai muito além da moda: trata-se de experiências, de entrega, de arte encarnada e visceral, honey.

A assinatura Lino: uma moda que não se explica, se sente

Lino Villaventura segue sendo uma entidade rara no sistema da moda. Suas criações desafiam tendências, ignoram o pragmatismo comercial e apostam no impacto sensorial. Não se trata de vestir para agradar — mas para provocar, transportar, emocionar. Sua coleção na SPFW N59 é prova perfeita disso: um show que cada look é um portal, cada costura uma narrativa.

E nós estivemos lá para testemunhar todo esso babado cintilante, de olhos e coração abertos, prontos para interpretar Lino Villaventura como ele deseja: sem tema, mas com toda a alma.

Foto: Ag Fotosite
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