Por Fábio Lage – House of Models
Mon petit do litoral, segura essa concha porque o babado é forte: homem usando colar de pérolas não nasceu ontem no feed de fashionista gringo. Isso vem de séculos atrás, quando ostentação não era publi no Instagram, era política pura. Sim, meu amor de Cuiabá, antes de Harry Styles fazer a Gen Z suspirar e A$AP Rocky lacrar no streetwear, tinha George Villiers; o Duque de Buckingham que abalou Bangu antes mesmo de Bangu existir.
Século XVII: quando pérola era símbolo de “manda quem pode”
Villiers era mais que o boy magia da corte jacobina, darling. Era o crush oficial do rei James I (e, dizem, muito mais que isso, honey), e sabia que imagem é poder. No retrato pintado por Michiel Jansz. van Mierevelt, ele aparece com uma gola de renda que sozinha já valia um ministério, faixa verde atravessando o tronco, casaco cravejado e, claro, pérolas… muitas pérolas caindo pelo peito como quem diz: “Meu amor, se o seu colar tem só um fio, nem se aproxima”.
E mon petit… não era frescura, não. Pérola naquela época era ouro branco: vinha de expedições coloniais, mergulhadores arriscando a vida, e comércio controlado por poucos privilegiados. Usar várias de uma vez era basicamente fazer um “exposed” visual: tô no topo, aceita que dói menos.
Styling barroco: Villiers inventou o “maximalismo” antes do TikTok
Nada de minimalismo escandinavo, meu bem. O homem saía vestido como um editorial vivo: seda tingida à mão, veludos bordados, mangas bufantes, correntes de ouro e joias aplicadas nas roupas. Os colares de pérolas eram só a cereja no bolo, e Villiers sabia posicionar cada um como quem monta um look pro tapete vermelho do Met Gala. Na corte, isso não era “afeminado”; era o uniforme dos poderosos. E quem achava o contrário? Partia pra vazar na braquiara rapidinho.
Do luxo ao limbo: o dia em que as pérolas viraram “coisa de mulher”
Chegou o século XVIII e a moda masculina resolveu fazer detox visual. Adeus drama barroco, olá sóbrio terno burguês. A pérola, que já foi grito de virilidade e poder, foi empurrada para o colar da noiva. A moral vitoriana ainda botou o último prego no caixão: pérola passou a ser símbolo de pureza feminina. Triste, né, honey? O acessório ficou exilado no mundo masculino por mais de um século e meio.
Século XXI: a volta triunfal — lacrou!
Corta para 2019: Harry Styles aparece com colar de pérolas e blazer Gucci e o planeta entende que a peça voltou. Pharrell Williams, sempre visionário, mistura pérolas com diamantes e boné trucker. A$AP Rocky? Coloca o acessório junto com correntona de ouro e casaco bomber, mostrando que a pérola pode ser tão gangsta quanto um anel de sinete. No K-pop, Jungkook (BTS) e Taeyong (NCT) ajudaram a disseminar a estética globalmente. Resultado? Do tapete vermelho ao after, a pérola virou passaporte pro clube do estilo.
Brasil: do red carpet ao clipe de rap
Aqui na terra do “Deus me free, mas quem me dera”, a tendência também pegou. Neymar já deu pinta com seu colar de perolas babadeiro, durante um treino para a Seleção Brasileira… já Caio Castro, surgiu com pérolas em eventos formais, provando que o adorno conversa com alfaiataria nacional. L7nnon botou o colar no clipe Perdição e mostrou que pérola também rima com trap e favela. Nas passarelas, João Pimenta e Dendezeiro já lançaram seus modelos masculinos adornados, provando que o babado é democrático: serve pra boy de blazer e pra boy de moletom.
Por que isso pegou de vez?
A resposta é bem simples, darling Lee de Gramado: moda sem gênero + nostalgia histórica + Instagram sedento por textura visual = pérola em todo lugar. É statement instantâneo. É postar a selfie e ver os likes subirem como se fosse final de Copa. É mostrar que você lê a história, mas vive no futuro.
Villiers ficaria orgulhoso…
Se estivesse vivo hoje, o Duque de Buckingham estaria na primeira fila do desfile do Pharrell na Louis Vuitton, pérolas balançando, um olho na passarela e outro no fotógrafo da Vogue, pronto pra vazar direto pro after na Lapa. E, sinceramente, mon amour, se você ainda acha que pérola não é pra homem, sinto informar: tá na Disney.
Foto: Reprodução