Desde sua estreia na São Paulo Fashion Week (SPFW), Renata Buzzo tem se destacado por suas narrativas emocionantes e pessoais, que transcendem o tecido para tocar corações. Antes mesmo de brilhar na SPFW, Buzzo já encantava no line-up da Casa de Criadores com suas histórias costuradas em cada peça.
Para a SPFW N57, Buzzo nos convida a mergulhar em uma fábula encantadora, protagonizada por uma raposa e um porco em uma floresta mística. Essa narrativa não é apenas um conto de fadas; é uma resposta corajosa aos ataques de um hater que a designer afirma enfrentar na vida real. Através dessa alegoria, Buzzo celebra a força feminina, transformando a adversidade em arte.
A coleção segue um caminho que a marca vem explorando com entusiasmo: a manipulação de superfícies e a criação de silhuetas volumosas. Desta vez, Buzzo opta por uma abordagem mais fluida, incorporando tecidos estampados em saias balonê e veludos, destacando as ancas e apresentando uma série de corsets que, apesar de evocarem um passado sombrio, emergem como um dos principais destaques da coleção.
Os corsets remetem a um tempo em que mulheres acusadas de bruxaria encontravam seu fim nas chamas das florestas. Essa atmosfera de bruxaria permeia o inverno 2024 da marca, com flores delicadamente aplicadas nas costas de casacos de pelúcia sintética, vestidos midi e charmosos sapatinhos mary jane. A paleta de cores escolhida e o styling provocativo são a cereja do bolo desta coleção.
No entanto, é lamentável que a beleza desta coleção seja ofuscada pela insistência em uma fórmula de apresentação que já não surpreende. O fashion film extenso e o poema recitado pela própria Buzzo enquanto as modelos desfilam podem desviar a atenção do que realmente importa: as roupas. A discussão sobre a reinvenção do formato dos desfiles é antiga e necessária, mas a verdadeira conexão entre as peças pode ser sentida, não precisa ser explicada.
O que realmente se destacou no styling da coleção de Renata Buzzo foi a combinação ousada de elementos históricos com um toque moderno e provocativo. Os corsets, por exemplo, não apenas evocam a era em que mulheres eram injustamente acusadas de bruxaria, mas também são reinterpretados de maneira contemporânea, se destacando como uma peça-chave na coleção.
Além disso, o uso de flores aplicadas nas costas de casacos de pelúcia sintética e vestidos midi trouxe um elemento de feminilidade e delicadeza, contrastando com a vibe mais sombria da temática de bruxaria. A escolha da paleta de cores e o styling provocativo, incluindo os sapatinhos mary jane, criaram um visual que é ao mesmo tempo nostálgico e inovador.
Esses elementos, combinados com a habilidade de Buzzo em contar histórias através de suas roupas, resultaram em um styling que é memorável e significativo, capturando a essência da força feminina e da resiliência. É um lembrete poderoso de que a moda é uma forma de expressão que pode transcender o tempo e contar histórias que ressoam em um nível mais profundo.
Foto: Ag. Fotosite
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