Com a benção da chuva do Rio de Janeiro, grife Carolina Herrera explode cores e shapes com a maestria de Wes Gordon e toda energia das modelos brasileiras em seu casting.
Reza a lenda, que toda chuva do dia primeiro de janeiro é uma chuva abençoada, onde pais dão de beber às suas crianças, no intuito de falarem suas primeiras palavras.
Pois bem, a chuva que caiu no desfile da Carolina Herrera pode não ter acontecido no mês de janeiro, mas foi no dia primeiro, no Rio de Janeiro e por ser uma Cidade Maravilhosa, o Rio tem dessas coisas; quem nunca foi dar um pulinho no mar (mesmo que chovendo), tira o salto, caminha pelo calçadão com cabelos molhados, ora da praia, ora da chuva; molha os pés nas águas salgadas do mar dos cariocas e aprecia aquela vista incrível?
É exatamente essa a sensação que o desfile comandado pelo diretor criativo Wes Gordon imprimiu, por forças da Mãe Natureza, por energia das modelos brasileiras e pela atmosfera inenarrável que paira sobre o Rio de Janeiro, a marca desfilou uma imagem de uma mulher forte, sorridente e feliz até mesmo sob chuvas e ventos; nada diferente do que uma ‘Garota de Ipanema’ cheia de graça a caminho do mar, não é?!
Realizado nessa última semana, o aguardado desfile da grife Carolina Herrera sinaliza para um grande marco na história da marca, fundada em 1980 pela estilista venezuelana Maria Carolina Josefina Pacanins y Niño, que pela primeira vez desfilou suas criações fora de Nova York.
Atualmente, a marca pertence a multinacional espanhola Puig. A espanhola é proprietária também de outras grifes renomadas, como Jean Paul Gaultier, Paco Rabanne e Nina Ricci.
A marca inovou em sua maneira de mostrar sua moda, mas respeitando e reinterpretando todos os códigos proposto por Carolina, com suas cores vibrantes, estampas que amamos trabalhadas em camadas, sem deixar de lado toda fluidez proposta por Gordon que elegeu a modelo Caroline Trentini para abrir sua apresentação, no bairro Santa Teresa, no Rio de Janeiro.
Nascido em Chicago, nos Estados Unidos, Wes Gordon já passou por marcas importantes como Oscar de la Renta e Tom Ford antes de assumir a direção criativa da label Carolina Herrera, alinhando seu estilo sofisticado e feminino ao da marca, fazendo uma transição mais suave e extremamente fiel ao DNA da casa.
Um dia depois de sua primeira apresentação fora do circuito fashion e modernista de Nova York, Gordon se emociona ao falar do grande show armado pela marca no Rio de Janeiro.
“O desfile da noite passada não foi bem de acordo com o planejado. Vinte minutos antes do show iniciar, começou a chover ainda mais forte. Nossas centenas de convidados foram conduzidos do local onde aconteceria o desfile para o pós-festa, onde a banda começou a tocar e os bartenders começaram a servir as bebidas.
Depois de uma hora e meia, comecei a dizer às modelos que iriamos ter de cancelar o desfile por estar chovendo muito. Havia poças de água na passarela mas as modelos começaram a me dizer ‘que não’. Para ser mais enfático, elas diziam: ‘Queremos fazer a apresentação.’ E elas insistiram. E de repente fui cercado pela união, aplausos e canções brasileiras; (as modelos) batendo palmas e dançando. A energia e o otimismo foi contagiante e todos no backstage entraram na mesma vibe. O que era preocupação se transformou em riso e música. O público não pôde estar lá presente, mas o show continuou. Através da chuva, o casting brasileiro desfilou sorridente pela passarela, algumas optando por desfilar descalças, com os sapatos na mão. A música da icônica cantora brasileira Gal Costa explodiu nos alto-falantes – uma forte mulher dando ritmo a um casting de mulheres fortes, em um show para uma marca fundada por uma mulher também forte.
Eu disse desde o início da temporada que eu queria essa coleção para desafiar a ideia de roupas para o ‘dia’ e roupas para a ‘noite’. Estimulei idéias de ‘elegante’ e ‘casual’ causando a impressão do que você deveria usar o que você quiser, quando e onde você quiser; contando que isso faça você se sentir a melhor versão de si mesmo. Na noite passada (1 de junho), as modelos vestindo roupas roupas ensopadas de água e descalças, fizeram exatamente isso. Foi dramático; romântico; poético e inesquecível.
Por fim, os modelos saíram para a fila final e eu logo saí para receber o tradicional aceno, embora a sala estivesse vazia. O fato do público não estar presente não me afetou, eu nunca me senti tão humilde e grato. Obrigado às modelos maravilhosas, as várias pessoas trabalhando no local e as formidáveis famílias Puig e Herrera, o show aconteceu. No backstage nós choramos, abraçamos e junto com todas as modelos dançamos até o afterparty onde encontramos os convidados para uma celebração até o dia amanhecer.
O desfile não aconteceu de acordo com o planejado, mas o resultado final foi muito melhor.” Diz Wes Gordon, diretor criativo da Carolina Herrera.
O casting era composto por modelos brasileiras que com toda energia tupiniquim, deu luz e energia a apresentação da marca. Como já mencionamos, a top Carol Trentini foi a responsável pro abrir o desfile, que também contou com nomes de peso, como Rita Carreira, Isabeli Fontana, Barba Fialho , Barbara Valente, e a veterana Caroline Ribeiro.
Agenciada pela Move Management, a modelo Carina Bergmann também fez parte do seleto casting da Carolina Herrera e nos contou com exclusividade como foi sua experiência antes e durante o desfile.
“Fazer parte de um evento como esse já era especial, assim como foi toda a semana de preparação, das provas de roupa ao ensaio, e um momento marcante também foi conhecer o lugar do desfile um dia antes.
No decorrer do dia tudo foi acontecendo conforme o planejado: cabelo, maquiagem, últimos ajustes, ensaio.
Estávamos todas prontas e já em ordem na fila, lembro de o pessoal da produção passar avisando que entraríamos em 19 minutos. Alguns minutos depois, a chuva começou. No começo foram alguns pingos, e a produção passava por nós com panos para secar a passarela e guarda chuvas para os convidados. Quando a chuva ficou muito forte a ponto de impossibilitar o desfile, nos pediram para retornar ao camarim e tirar as roupas, pois o desfile teria que esperar. Nessa hora o clima era tenso para todos, pois não sabíamos se ainda haveria show. Era um misto de esperança e vontade de fazer acontecer, pois esse momento foi muito sonhado por todos os profissionais ali presentes. As roupas voltaram aos cabides e nós ficamos aguardando, torcendo muito para que a chuva parasse ou pelo menos diminuísse, mas nunca perdendo a fé e o brilho desse dia tão especial.
A equipe da Carolina Herrera se reuniu com os organizadores para avaliar as possibilidades e um pouco depois disso, veio ao camarim e pediu para que ficássemos prontas para gravar alguns conteúdos ali mesmo e em seguida descer para a festa. Mas aquele desfile foi muito esperado por todos, por isso estávamos tão felizes e fazíamos questão de estar lá, independente das condições.
Quando o Wes Gordon e o Bill entraram na sala para dar a notícia de que o show aconteceria foi um momento pra ficar na história de cada pessoa que estava lá, a emoção e energia foram gigantes, e todos vibraram muito, cantando e comemorado com a alegria mais genuína que nós brasileiros temos, e era com essa a energia que deveríamos apresentar a coleção. Wes nos disse para aproveitar o momento, cantar, dançar, sorrir, levar toda aquela emoção para a passarela, com sapatos na mão e passos mais curtos por questão de segurança, mas mostrando a força e a vontade do Brasil para o mundo. É surreal pensar em tudo o que aconteceu, sentir tudo o que sentimos e viver o que vivemos lá, pois foi algo único.”, revela Carina.”
Em tempo, a marca também comemorou em seu afterparty o lançamento global da nova fragrância da casa, chamado de “Good Girl Blush Eau de Parfum”.
Foto: Divulgação
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