La petite mort – Se refere ao período refratário que ocorre depois do orgasmo. Este termo geralmente tem sido interpretado para descrever a perda da consciência ou desmaio pós-orgástico das pessoas em algumas experiências sexuais.
Ao revisitarem a obra de Gal Costa, após seu falecimento em 9 de Novembro de 2022, Silverio começou uma pesquisa sobre a necessidade de conexão profunda e humana, em seguida do ápice pandêmico da doença por coronavírus 2019 (COVID-19), começaram identificar a necessidade em nossos pares a necessidade de pertencimento as relações e o desejo de eternizar esses momentos.
Em uma carta de 1927 a Sigmund Freud, Romain Rolland cunhou a frase “Sentimento Oceânico” para se referir a “uma sensação de ‘eternidade”, um sentimento de ‘”ser um com o mundo externo como um todo” e também presente no livro ‘O Mal-Estar na Civilização’ escrito em 1929 e publicado em 30, mesmo que o termo tenha sido cunhado como uma teoria psicanalítica para refutar a religião das civilizações, a marca faz uma licença poética para mergulhar no esplendor da comunhão íntima dos vínculos pessoais.
O oceano que abarca uma massa difusa de subjetividade e mistério, assim como nossa relação com nosso subconsciente e essa experiência ao adentrar o seu território, tomamos discernimento de nosso tamanho, medianamente sua dimensão, ao mesmo tempo que esse contato ajuda a nos aprofundar na jornada evolutiva e humana. Em uma relação integrada entre o externo e o interno, o coletivo e o individual.
“A angústia é um afeto, foi o que disse Lacan. Que disse também que é a angústia o sinal do desejo do Outro. E é ele também quem diz que a gente deseja o desejo do outro. Desejamos angústia? Ou é angústia o nome que damos pro torpor do encontro com o outro em que ele nos escapa pelos dedos, em que a tensão se dissolve na saliva, em que as fronteiras dos corpos são rompidas restando apenas o laço, o elo, o nó, o nós. Ainda é possível ser eu depois do encontro arrebatador com o outro? Fazer um numa soma de dois ou mais fora da experiência do desaparecimento mas justamente dentro da dialética do pertencimento? Pra Lacan, angústia. Para nós, os corpos que esperam afetos negados ou escassos, eu chamo de vida.” – Manu Xavier
Para a concepção visual desta coleção, a grife se aprofundou em suas modelagens espirais, agora que permeiam esse corpo que habita a cidade e a praia criando entrelaçamentos, e que dá um passo maior de encontro a uma sensualidade que é convidativa mas que não se oferece, a camisaria vem desabada, acompanhada por calças em alfaiataria envidadas.
O styling incisivo de Larissa Henrici traz justaposição entre tensionamento arquitetônico e fluidez, com uma perfumaria a lá anos 1920, sem descaracterizar o DNA noventista da marca, com um verão sóbrio, levemente sombrio com cores em tons cinza e preto, dando uma pitada de pink, que aparece como assinatura nos acabamentos internos para romper os blocos de massas escuras. Os brincos em formatos de gotas e cortados em acrílicos espelhados são uma parceria exclusiva com a marca de acessórios da Basfond, e os calçados são compostos pelas Pillow Room – Sandálias almofadadas da Room 22 de Simone Nunes, e os tênis com perspectiva social, qualidade e compromisso ambiental ficam por conta da marca franco – brasileira VERT.
As bases de sarjas, jacquards, algodões penteados, crepes em poliamidas, e jerseys de poliamidas, e malhas – moletons e malhas 100% algodão – são respectivamente, apoiados pelas empresas Vicunha, Urbano Têxtil e Focus Têxtil.
A beleza assinada por Katia Araujo remete a um negativo, com côncavo super marcado em tons amarronzados e sobrancelhas descoloridas para uma melancolia que protagoniza a coleção em tom de profunda reflexão.
William Anselmo, cria cabelos que desenham ondas, de formas inspiradas no movimento Art Déco e cria textura em cabelos ora soltos de forma mais selvagem, mas delineados.
A trilha Sonora ficou por conta do duo Marseille, composto por Julio Torres e Sarria que nos conduz a uma experiência ao vivo e autoral, construindo uma viagem emocional, permeando batidas eletrônicas somados ao beat do nosso diretor criativo Rafael Silvério, somado a vocais oníricos, para a sensação de eternidade como intuito da coleção.
BACKSTAGE:
Foto: @agfotosite