Gisele Bündchen, 50 anos de Vogue Brasil e um Brasil em estado de graça!

Quando uma revista de 50 anos quer avisar pro mundo que ainda manda no jogo, ela não imprime papel: ela convoca Gisele Bündchen em modo entidade máxima. Neste texto, a gente disseca a capa de dezembro de Vogue Brasil 2025 como quem abre dossiê confidencial: bastidores, estética, geopolítica da imagem, fase wellness pós-divórcio, bebê novo, Earthshot Prize, Gaia Herbs, Mario Sorrenti, Lufré, Rita Lazzarotti, Henrique Martins e a pergunta que importa: o que significa colocar Gisele como totem de um Brasil em frangalhos emocionais, mas ainda em estado de graça? Ui ui ui, o babado é forte: se você ainda acha que revista impressa morreu, vem ler isso aqui antes de passar vergonha no algoritmo, mon amour de Horizontina!

Por Fabio LageHouse of Models

Dezembro sempre foi o mês do exagero: luz piscando em shopping, champagne morno em festa de firma, parente problemático no Amigo Oculto. Mas, em 2025, quem exagerou mesmo foi a Vogue Brasil. E, sinceramente, ainda bem. Para fechar o ano em que a revista comemora 50 anos de história, a escolha da capa foi óbvia e, ao mesmo tempo, estratégica, mística e matemática: Gisele Bündchen. Quando a indústria precisa mandar um recado de poder para o planeta, mon amour, ela não manda e-mail: ela manda Gisele na capa. Ui ui ui!

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Ao longo de 2025, a Vogue Brasil foi montando um line-up de estrelas digno de festival de música com patrocínio gordo: Alessandra Ambrosio abrindo o ano, Camila Pitanga em fevereiro, Adriana Lima, Taís Araújo, Sônia Guajajara ao lado de Anitta, Isabeli Fontana, Caroline Trentini, Xuxa, Sasha, Daiane Sodré, Irina Shayk, Naomi Campbell, Joan Smalls, Luíza Perote, Sheila Bawar, Carol Monteiro… até que, em dezembro, entra ela, a própria, coroando o ano e a efeméride de meio século de Vogue no Brasil. O babado é certo: isso não é só capa, é statement editorial, é geopolítica da imagem. Quem ainda acha que revista impressa morreu, sinceramente, tá na Disney?

A engenharia dessa capa nasce num tabuleiro bem maior que um simples “vamos vender banca”. Estamos falando da edição que encerra as celebrações oficiais dos 50 anos da Vogue Brasil, com logo comemorativo, uma bateria de eventos ao longo do ano – incluindo encontro com Naomi Campbell – e uma programação que atravessa moda, cultura e educação, com projetos de imersão em Paris e outras experiências para leitoras e mercado. Dentro desse roteiro, Gisele não é só a escolha “segura”: ela é o totem, a peça que fecha o círculo mágico entre passado, presente e futuro da revista. Atura ou surta, bebê.

Fotografia, direção criativa e estética da capa de dezembro 2025

A fotografia de capa, assinada por Lufré, não é um detalhe técnico: é uma tomada de posição estética. Esse fotógrafo já tinha construído, em 2024, um vocabulário visual muito específico com Gisele; aquela mistura de luz dourada, vento coreografado nos cabelos e uma aura de deusa pagã que atravessa Chloé, Schiaparelli, Robert Wun e Maison Margiela na edição de setembro do ano passado. Em dezembro de 2025, ele condensa esse repertório numa linguagem mais lapidada, menos “olha como eu sou fashion” e mais “olha como eu existo”, com um enquadramento que entende que o rosto de Gisele já é patrimônio afetivo nacional e internacional. Não precisa inventar roda, minha gente: é só girar a câmera certo. BTF.

Ao lado dele, Rita Lazzarotti assina o styling com aquela inteligência silenciosa de quem sabe que, diante de um ícone, a roupa tem que conversar… e convenhamos, mon petit de Xique-Xique… o look nunca gritar mais alto. Nas capas e no editorial interno, o guarda-roupa passeia por Prada, Dior e Giorgio Armani, com o luxo tratado como linguagem, não como grife jogada na cara do leitor. No recheio, entram Bottega Veneta, Ferragamo, Saint Laurent, Schiaparelli, Chloé, Alaïa e outras casas que compõem um mapa da alta moda contemporânea sem cair na cartilha óbvia do look de tapete vermelho… so boring. É o tipo de edição em que o vestido não aparece só como “sonho de consumo”, mas como ferramenta para narrar fases, atmosferas, recomeços. Gisele veste as marcas, sim, mas é ela quem assina o carimbo energético, honey… é babado atrás de babado!

Henrique Martins, amigo velho conhecido dessa tríade, entra com a beleza como quem faz direção espiritual de rosto. Em outros encontros com Gisele na Vogue, ele já tinha estabelecido aquela assinatura de ondas longas, brilho na medida e uma pele que parece ter dormido oito horas, feito yoga e meditado olhando para o mar… tudo ao mesmo tempo. Aqui, na edição de 50 anos, ele vai além da maquiagem bonita: cria um rosto que sintetiza a Gisele modelo, mãe, empresária, ativista, musa wellness e sobrevivente do próprio mito. É como se cada sombra de olho trouxesse um pouco do cansaço e da força de quem atravessou panic attacks nos anos 2000, refez a própria vida, reprogramou alimentação, corpo e cabeça e, hoje, vende não só imagem, mas estilo de vida em livro, entrevistas e parcerias de bem-estar. Lacrou no conceito, não só no glitter, mon amour!

Carla Madeira, “Eterna” e a construção literária do mito Gisele

Mas talvez o gesto mais sofisticado desta edição não esteja na foto – e, sim, no texto. A Vogue convida a escritora Carla Madeira para escrever sobre Gisele, numa crônica que ela diz ter levado meses para gestar, entre releituras do livro da modelo, entrevistas antigas, observação obsessiva de imagens e tentativas de entender esse corpo-símbolo que o Brasil exportou para o mundo. O resultado, batizado de “Eterna”, não trata Gisele como santinha da laje da moda, nem como vilã de novela de streaming. Carla constrói uma personagem cheia de contradições, que é ao mesmo tempo Vênus renascentista, menina do Rio Grande do Sul, mulher que errou, caiu, levantou, chorou e aprendeu a negociar com o próprio destino. Deus me Free, mas quem me dera ter uma crônica dessas para chamar de minha, viu?

Esse casamento entre imagem e palavra é onde a coisa realmente fica casca de bala. A capa de dezembro 2025 não está sozinha, baby: ela conversa com uma narrativa maior na qual a Vogue revisita o próprio arquivo, reflete sobre o lugar da revista no Brasil de agora e se coloca na encruzilhada entre papel, digital, evento, curso, baile e experiência premium. A presença de Gisele aí funciona quase como selo de autenticidade: é como se a revista dissesse “sim, a gente mudou, mas o calibre continua o mesmo”. O exposed vem, mas vem em forma de autoconsciência editorial.

Histórico de Gisele na Vogue Brasil e o peso estatístico dessa capa

Para entender o peso dessa capa, é preciso lembrar que Gisele não é novata nessa banca. Já são mais de 20 capas de Vogue Brasil; a revista que mais a estampa no mundo; com contagens recentes apontando pelo menos 22 edições nacionais só até 2023. Globalmente, ela soma mais de uma centena de capas de Vogue ao longo da carreira, mantendo o posto oficioso de modelo com o maior número de capas da publicação no planeta. Em outras palavras: quando Gisele entra na jogada, não é apenas “mais uma capa bonita”. É estatística, é recorde, é história sendo empilhada edição após edição.

Se a gente voltar o filme, o dossiê visual de Gisele em dezembro na Vogue Brasil é um show à parte. Em 2013, ela aparece mais próxima, com cabelo solto, olhar suave, quase girl next door com upgrade couture. Em 2014, divide capa com Choupette, a gata de Karl Lagerfeld, numa imagem que carrega todo o fetiche da era em que ela ainda orbitava a Chanel como rosto de campanhas e desfiles. Em 2015, fecha o ano em duas capas icônicas assinadas por François Nars, encarnando uma diva cinematográfica com ondas perfeitas, lábios vermelhos e um styling carregado de pérolas e atitude dominatrix. Cada dezembro com Gisele é quase um marcador do humor do luxo daquela década: do glamour maximalista à simplicidade cool, do pet de bilionário à mulher que se basta.

Da edição de setembro 2024 à capa de dezembro 2025: corpo, luz e fluxo

Corta para 2024 e temos a edição de setembro, fotografada também por Lufré, em que Gisele surge como criatura etérea, diluída em luz quente, vestindo Chloé, Schiaparelli, Margiela, Prada e companhia, num editorial que já apontava para essa nova fase em que o corpo dela é menos “armadura” e mais “fluxo”. Ali, a Vogue Brasil já testava o terreno: como falar de uma mulher que não é mais só a übermodel dos anos 2000, mas uma figura que mistura maternidade, wellness, ativismo ambiental, espiritualidade, business e um quê de santa pagã? Dezembro 2025 vem como resposta afinada dessa pergunta.

Fase 2024–2025: divórcio, Nourish, Gaia Herbs e Earthshot Prize

Porque, vamos combinar, a fase 2024–2025 de Gisele é um prato cheio para qualquer editor com sangue no olho. Depois do divórcio com Tom Brady, ela não ficou chorando na varanda da mansão: reposicionou carreira, lançou “Nourish”, um cookbook de alimentação saudável que sintetiza anos de experiência com nutrição, ioga, meditação e uma vida mais pé no chão. Se tornou embaixadora da Gaia Herbs, reforçando a persona de mulher que fala de plantas, raízes e autocuidado com autoridade, não como modinha de feed. Entrou para o conselho do The Earthshot Prize, o prêmio ambiental idealizado pelo príncipe William, aproximando sua imagem de soluções climáticas concretas, e não só de discurso verde de comercial de banco. O babado é global, honey.

Em paralelo, a vida pessoal também virou narrativa pública. Em 2025, Gisele dá à luz seu terceiro filho, o primeiro com Joaquim Valente, num capítulo de maternidade tardia que é lido, ao mesmo tempo, como ato de coragem e como mais um episódio da mitologia Bündchen de fazer tudo na contramão das expectativas. A imprensa registra que o bebê nasceu em fevereiro, que o casal manteve discrição sobre o nome, revelando apenas o middle name, River, e que, três meses depois, ela já estava de volta às capas, estrelando a Vogue France de junho/julho como “musa do bem-estar”, fotografada pelo emblemático fotógrafo Mario Sorrenti. Meu Deus! Atura esse lacre ou surta, bebê.

Vogue France, St. Barths e a nova longevidade da supermodelo

A edição francesa, aliás, é um capítulo importante para entender a sintonia fina da capa brasileira de dezembro. Em Paris, Gisele aparece em St. Barths, em clima de retiro chic, vestindo Chloé, Cartier, dentro de um número dedicado a “La Belle Vie”, com entrevistas sobre fulfillment e equilíbrio entre corpo, mente e escolhas. O texto de Claire Thomson-Jonville, head de conteúdo da Vogue France, enfatiza exatamente essa Gisele que encontrou uma nova forma de existir depois do auge da passarela, com um discurso sobre autenticidade, escolhas conscientes e gratidão. No mesmo período, matérias de sites e revistas celebram o fato de ela estar, três meses pós-parto, fotografando campanha da Marc O’Polo, desfilando um “lumberjack-coded look” de flanela e botas e parecendo mais à vontade do que nunca. Quem vê de fora pode achar que é só mais um comeback de supermodelo. Quem olha com cuidado percebe que o que está em jogo é uma redefinição de longevidade na moda. BTF total.

Espelho brasileiro: styling de luxo, corpo vivo e 50 anos de revista

É nesse contexto que a capa de dezembro da Vogue Brasil funciona quase como o espelho brasileiro dessa nova Gisele. Se na França ela encarna a guru wellness global, em São Paulo ela aparece como a entidade que condensa 50 anos de uma revista e, de quebra, 30 anos de carreira própria. O styling luxuoso, com Prada, Dior, Armani, Bottega, Ferragamo, Saint Laurent, Chloé e Alaïa, não está ali para provar que a Vogue ainda consegue alugar vestido caro… isso seria pouco. Está ali para dizer: “olha como essa mulher retém, no corpo e na postura, o poder de todas essas marcas, sem ser soterrada por nenhuma”. Deus me FREE de mais uma capa em que a roupa engole a modelo. Aqui, a equação é outra.

Mercado editorial brasileiro, gerações e ranços bem administrados

No backstage simbólico do mercado editorial brasileiro, essa capa também tem sua treta delicada. Em um cenário em que revistas se transformam em plataformas, eventos e produtos de educação, o uso de uma supermodelo em pleno 2025 pode ser lido, superficialmente, como nostalgia. Mas, olhando de perto, o movimento é mais inteligente. Ao colocar Gisele; uma figura que conversa ao mesmo tempo com a leitora de banca, com a geração TikTok que a redescobriu nos vídeos de passarela, com o público de wellness e com o mercado de luxo; a Vogue Brasil faz um gesto de costura entre gerações. É como se dissesse: “sim, sabemos que o futuro passa por open casting, new faces diversas, corpos e narrativas múltiplas, e estamos fazendo isso nos outros meses do ano; mas, no aniversário, a gente chama a patriarca.” Se alguém tiver ranço disso, respira fundo, mon petit. Tem coisa ali para além do meme.

Corpo real versus avatar: humanidade como diferencial competitivo

Não dá para ignorar também que, enquanto muitas marcas estão trocando modelos reais por avatars de inteligência artificial em campanhas murchas e sem alma, a revista escolhe reafirmar a força de um corpo vivo, com história, rugas, cicatrizes, filho recém-nascido em casa e um cansaço honesto por trás do iluminador. Em tempos de feed filtrado, ver Gisele… mesmo alinhavada por um time de primeira… ainda como pessoa e não personagem sintético é quase um ato político. O babado é certo: a humanidade virou diferencial competitivo. Quem insiste em vazar na braquiara do fake, cedo ou tarde, vai descobrir isso da pior forma.

Documento de época, desejo em forma de imagem e o fecho em alto estilo

No fim das contas, a capa de dezembro 2025 da Vogue Brasil com Gisele Bündchen é um documento de época. Ela registra uma revista em plena reinvenção, um mercado editorial tentando se equilibrar entre o glamour do passado e as demandas do presente, e uma mulher que atravessou o auge, caiu, levantou, virou mãe de três, escreveu livro, virou símbolo de wellness, ativista ambiental, empresária… e ainda encontra tempo para brincar de deusa da moda por algumas páginas a cada tanto. Abalou Bangu, darling.

Se moda é, no fim, a arte de organizar desejo em forma de imagem, essa capa organiza muitos ao mesmo tempo: o desejo de permanência de uma revista de 50 anos, o desejo de maturidade bonita de uma geração que cresceu com Gisele como referência, o desejo de um Brasil que ainda se vê nela como prova de que é possível sair do interior e conquistar o mundo, o desejo de um futuro em que sucesso não exija anular saúde mental, família, espiritualidade. É muita coisa para caber numa foto só. Mas, se tem alguém capaz de entregar tudo isso, com um olhar, um cabelo ao vento e um vestido preciso, é ela… Gisele Bündchen… Ui ui ui!

Foto: Divulgação – Vogue

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