Honey Lee de Divinópolis e adjacências; Ana Clara Falconi não saiu de Bauru para virar “modelo internacional” em legenda de Instagram. Ela saiu para trabalhar, baby. E isso muda tudo. Enquanto o algoritmo celebra narrativas instantâneas, a trajetória da modelo brasileira de 23 anos se constrói no tempo real da indústria: casting difícil, mercado hostil, escolhas estratégicas e uma imagem que amadurece longe do ruído.
Bauru não entra na história como folclore conveniente nem como exotização de origem. Entra como território formador. Foi dali que Ana Clara partiu sem o aparato glamouroso que costuma acompanhar novas apostas da moda. Sem sobrenome de passarela, sem viral milagroso, sem estética óbvia. Havia insistência, havia risco e havia método.

Da descoberta ao mercado internacional: quando insistir vira estratégia
Antes de Milão, Paris e Nova York, houve SPFW, houve teste recusado, houve Ásia. A passagem inicial pelo mercado coreano não foi prêmio, foi escola. Quem já viveu sabe. Frio, solidão, pressão estética e aprendizado acelerado. Quando Ana Clara retorna ao circuito ocidental, ela não volta como promessa crua. Volta com casca.
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A assinatura com a EVOL Management como agência mãe marca um ponto de inflexão. A EVOL não constrói volume, constrói imagem. A partir dali, o desenho internacional se fecha com precisão: IMG Models em Nova York, Londres e Paris, The Agency em Milão, além de representações complementares na Europa e na Ásia. Não é dispersão. É posicionamento claro no eixo da alta moda, com foco em passarela de prestígio, editorial de densidade simbólica e campanhas de luxo.

Bottega Veneta, Milão e o momento em que a promessa vira leitura de mercado
A virada acontece na temporada Spring Summer 2025, quando Ana Clara Falconi abre o desfile da Bottega Veneta em Milão. Abrir desfile não é detalhe técnico. É decisão política, honey. É dizer quem carrega o discurso da coleção desde o primeiro passo. Sob a então direção criativa de Matthieu Blazy e casting poderoso de Anita Bitton, esse gesto posiciona Ana Clara fora da categoria “aposta” e dentro da categoria “leitura”.
O movimento se confirma quando ela retorna à marca como rosto de campanha. Passarela que vira campanha é sinal inequívoco de confiança. A imagem não foi emprestada. Foi incorporada. E isso, no vocabulário do luxo contemporâneo, é raríssimo.

Chanel em Nova York: entendendo o peso real
Ana Clara integrou o poderoso desfile Métiers d’Art da maison Chanel, realizado em Nova York, um dos formatos mais exclusivos e estratégicos da marca. Um casting global, enxuto, altamente controlado e voltado à imagem institucional da Chanel, agora comandada por Matthieu Blazy.
Entender o peso real do convite é coisa de quem conhece o calendário. E, sim, estar nesse casting coloca Ana Clara Falconi num grupo muito restrito de modelos brasileiras com trânsito direto na maison.

Entre passarela e editorial: quando a imagem sustenta múltiplos códigos
O editorial “Grunge dos Trópicos”, publicado na Vogue Brasil, revela um ponto crucial da carreira de Ana Clara: ela não replica a mesma persona em todos os contextos. A estética mais áspera, menos solar e menos óbvia dialoga com uma construção de imagem madura, distante da caricatura da “brasileira exportação”.
A passagem pela revista Puss Puss, em editorial da edição número 22, reforça esse lugar híbrido entre o mainstream e o independente. Não foi capa, e isso importa dizer. Mas foi escolha editorial. E publicações desse perfil não trabalham com concessão fácil. Trabalham com discurso.

Gucci FW 2025: quando campanha fala mais alto que desfile
Ana Clara protagonizou a campanha de óculos da marca na temporada de inverno 2025. Em termos de branding, isso não é compensação. É centralidade. Campanha fixa imagem. Passarela passa…
Num momento de reposicionamento criativo da Gucci, ser escolhida como rosto de comunicação indica leitura clara de potencial e alinhamento estético com os novos códigos da casa.

O que o mercado está premiando em Ana Clara Falconi
Não é “beleza única”. Não é “energia especial”. Esses clichês já faliram. O que o mercado reconhece em Ana Clara Falconi é sobriedade estética, versatilidade real e capacidade de transitar entre códigos sem diluir identidade.
Ela funciona no luxo silencioso, na alfaiataria precisa, na crueza editorial e na comunicação de beleza. Não é imagem datada. Não é tendência descartável. É construção.

Num cenário em que poucas modelos brasileiras conseguem abrir desfiles de peso, integrar castings ultras seletivos e sustentar campanhas globais, Ana Clara avança sem alarde, sem histeria digital e sem personagem fabricado.
Ela volta para Bauru quando pode. Mantém o chão. Enquanto isso, o mercado global faz o que sempre faz quando identifica consistência: chama de novo.
Fica de olho, mon amour. Porque carreira sólida não grita. Ela acontece.
Beijinhos…
Foto: Divulgação
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