Ralph Lauren não vende roupa, mon amour, vende ideologia. Desde os anos 70, o estilista constrói não apenas closets, mas um American Dream de linho, cashmere e cavalos de polo. É o poder suave dos Estados Unidos transformado em alfaiataria impecável e vestidos que sussurram elegância eterna. Ui ui ui! Em tempos de fast fashion descartável e collabs que duram menos que uma trend, Ralph Lauren continua a ser o templo do luxo narrativo, onde até um simples blazer branco carrega mais patriotismo que a bandeira tremulando em frente à Casa Branca. Lacre diplomático em forma de alfaiataria. E quem não gostou… atura ou surta, bebê!
Por Fábio Lage – House of Models
O Silêncio Como Luxo
Nada de drones, fumaça ou passarela em formato de foguete espacial. Ralph Lauren é da velha guarda que não precisa de circo para provar que manda. O espaço escolhido tinha mais cara de galeria de arte contemporânea do que de desfile. Escada curvilínea, iluminação controlada, e convidados tão perto que podiam ouvir o som da seda deslizando. Esse silêncio proposital era a prova de que, às vezes, o maior luxo é não precisar falar nada. Era Hamptons transplantado para Manhattan, com uma taça de Chardonnay na mão e um olhar que dizia: “Eu já estava aqui antes de vocês, honey Lee”. Quem esperava espetáculo pirotécnico saiu com ranço; quem entende de moda saiu hipnotizado.
Invisível, Mas Afiado Como Navalha
Guido Palau liberou os cabelos com ondas preguiçosas, como se as modelos tivessem acabado de sair do banho de mar em East Hampton e fossem direto assinar contrato em Wall Street. Diane Kendal aplicou a make do “nasci assim, acordei assim” – mas todo mundo sabe que tem mais produto envolvido que prateleira da Sephora. Pele translúcida, boca neutra, olhos lavados, tudo para que o foco fosse o tecido. O tripé cromático P&B + vermelho reinou como dogma: chiffon que parecia fumaça, seda que escorria como água, couro que mordia como cão de guarda. Chapéus maxi jogavam sombra até sobre o ego das celebridades na primeira fila, bolsas trançadas pediam passaporte carimbado em Saint-Tropez, Rio de Janeiro, e colares metálicos esculturais davam o peso de quem sabe que pode bancar até a gravidade. Ui ui ui, até o “quiet luxury” saiu daqui gritando.
“Yes, we can!”
ONU Fashion em Movimento
Giulia Massullo e Piergiorgio Del Moro transformaram o casting em diplomacia de passarela. Loli Bahia abriu com precisão quase militar, como quem finca a bandeira brasileira no coração da Ralph LaurenCorp. Anok Yai fechou como deusa consagrada, mais sacerdotisa do que modelo, impondo reverência. Entre elas, brilhos múltiplos: Luiza Perote carimbando o Brasil no front row global, Imaan Hammam lembrando que representatividade não é cortesia, é poder de barganha, Iasmin Reis surgindo como corpo do futuro, Bruna Tenorio reafirmando a força da veterana que atravessa décadas sem enrugar o carisma, e Vlada Roslyakova, um fantasma glamouroso dos anos 2000 que voltou só para provar que ainda sabe lacrar. O casting era a ONU do glamour: cada rosto, uma embaixada, cada look, um passaporte diplomático. O babado é certo.
Wall Street de Dia, Hamptons à Noite
Blazers brancos, listras gráficas, vestidos longos em chiffon que flutuavam como véus no Central Park. O preppy encontrando o resort, o business assinando contratos em Wall Street e brindando ao pôr do sol em Long Island. Ralph Lauren resumiu em looks a eterna equação americana: trabalhar muito para posar no iate com naturalidade. Quem disse que não dá pra ter os dois? Deus me FREE de não querer esse combo.
O Drama das Listras
As listras viraram protagonistas, em todas as direções possíveis. O trench vermelho com chapéu gigante foi performance. Carmen Sandiego versão Upper East Side, Broadway no tecido, babado calculado. O styling parecia berrar: “Meu closet é um musical, mon amour, e eu sou a estrela da matinê e do after”. Ui ui ui! Quem não aplaudiu de pé é porque estava ocupado stalkear no celular.
Utilitário de Luxo
Macacões brancos, camisas utilitárias amarradas, slip dresses minimalistas que pareciam sussurrar “sou noventista, mas milionária”. Ralph provou que até uniforme de operário pode ser glamouroso, desde que a costura seja impecável e a etiqueta diga Ralph Lauren. A moda aqui é funcional, mas nunca básica. É luxo prático, honey Lee de Xique-Xique: pega o avião particular direto da fábrica para o tapete vermelho. Atura ou surta, bebê!
Noite Americana em Versão Noir
Aqui, a tensão chegou no talo. Couro preto em top estruturado, vestido vermelho plissado de um ombro só, jumpsuit acetinado que parecia cena perdida de um filme de jazz em Harlem. E ainda florais P&B lembrando que até as sombras podem ser resort chic. Foi o bloco mais teatral da coleção, cinema noir em versão Ralph Lauren. Quem esperava descrição ganhou Hollywood na veia. Abalou Bangu!
Gala Como Manifesto
O gran finale foi menos desfile e mais declaração de princípios. Vestidos brancos etéreos, vermelhos flamejantes e pretos bordados de paetê. Anok Yai foi a vírgula final de uma frase que não precisa de ponto final. Quem não entendeu, pega o próximo Uber de volta pra relevância.
“É hora de manter a simplicidade e deixar que as roupas contem a minha história. Há um espírito pessoal na Coleção que quero compartilhar na intimidade do lugar onde tudo começou.” Ralph Lauren.
O Guardião do Sonho
Essa coleção reafirma Ralph Lauren como arquiteto do imaginário americano. Preppy, western, urbano, black-tie… todos os códigos estão aqui, lapidados até parecer joia. O resort encontra a cidade, a alfaiataria flerta com a noite, o cotidiano dá match com o tapete vermelho. Comercialmente, os ternos brancos vão sumir das araras em Beverly Hills, os vestidos pretos vão virar desejo imediato em Tóquio e as chemises vão desfilar pelas ruas de Xangai como se fossem uniformes de elite. Culturalmente, Ralph continua exportando o American Dream como se fosse commodity, mas aqui embalado em seda e couro. Ui ui ui, isso não é moda, é diplomacia cultural.
Ralph, o Legislador do Glamour
Moda não é sobre inventar roda, é sobre polir até virar prata herdada. É consistência, é espetáculo, é memória. Enquanto uns brincam de trend para TikTok, Ralph entrega tratado internacional de glamour. Ui ui ui, mon amour, isso foi ato oficial. O babado é certo. Lacrou. Abalou Bangu. E se alguém ousar discordar… Deus me FREE! Beijinhos…