Por Fabio Lage – House of Models
Atura ou surta, bebê de Ressaquinha: o jeans, esse tecido que já foi uniforme de rebeldia, pecado fashion dos anos 2000 e vilão ambiental das manchetes verdes, agora quer ser… high-tech, consciente e periférico. Tudo junto e misturado. Pois foi exatamente esse o figurino da Santista Jeanswear na Brazil Immersive Fashion Week (BRIFW), dentro da Rio Innovation Week 2025, no Pier Mauá, Rio de Janeiro.
Sim, mon petit, estamos falando de denim desfilando entre blockchain, biotecnologia e avatar do metaverso. A cena parecia saída de um filme sci-fi rodado no Saara carioca: engenheiros de software discursando sobre algodão, e na sequência, Jeanderson Martins (aka Abacaxi) transformando a passarela em um Delusional Garden Experience; performance tão imersiva que deixou marmanjo da Faria Lima com cara de que tinha acabado de tomar chá de ayahuasca digital.

Do palco à passarela: Santista tenta provar que jeans é techwear
No dia 13 de agosto, a Santista cravou lugar no palco principal com o painel “Algodão, Biotecnologia, Blockchain e Macrotendências Globais do Novo Sistema de Moda”. O título? Mais longo que fila de loja hype em liquidação. Mas o recado foi certeiro: o jeans não quer mais carregar a fama de devorador de litros d’água e poluidor das bacias hidrográficas. Quer ser blockchain-friendly, biofriendly, até best friend da Greta Thunberg se bobear.

Newton Coelho, Diretor de Negócios da Santista, trouxe a visão futurista ao lado de Phycolabs, Blockforce e Unifi do Brasil… uma salada de cientistas, engenheiros e analistas que soaram como backing vocal para um hit que a Santista insiste em colocar nas paradas: denim do futuro.
O Abacaxi que virou champanhe
Dois dias depois, quem fechou a BRIFW com chave de neon foi o coletivo Abacaxi, de Jeanderson Martins, que jogou no palco a Delusional Garden Experience. Nada de desfile tradicional, darling Lee de Barro Duro: foi rave periférica com mood digital, um mix de moda, performance e tecnologia que amamos!

E aqui, honey, a jogada foi de mestre. A Santista entendeu que não basta falar de inovação em painel patrocinado; é preciso colocar o pé no barro da cultura urbana. E Jeanderson faz isso com maestria: fundador da Piña, expoente do Brazilcore, já vestiu Anitta, MC Soffia e Arielle Macedo. Apoiar o Abacaxi foi o equivalente fashion a dizer: “sim, a periferia é o novo laboratório de inovação e lacração”. Abalou Bangu com estilo!
O jeans na montanha-russa da História
Vamos combinar, darling Lee do Oiapoque ao Chuí: o jeans sempre foi o camaleão da moda. Já foi peça de operário, uniforme de delinquente cinematográfico, símbolo de liberdade sexual, febre pop dos anos 80, uniforme global dos anos 90 e… o terror da sustentabilidade no século 21.
Agora, em pleno 2025, o denim tenta mais uma reencarnação: a do tecido transparente, rastreável e regenerativo. É quase como se a calça Levi’s da sua avó tivesse feito um detox espiritual, passado por terapia em grupo com Greta e Elon Musk, e voltado como app de rastreabilidade no seu celular. Ui, ui, ui!

A verdade é dura como denim bruto: a Santista, que existe desde 1929, não quer ser apenas fornecedora de tecido, quer ser player global do novo sistema de moda. Esse é o verdadeiro recado por trás do talk de blockchain e do apoio ao Abacaxi.
A jogada é clara: reposicionar o jeans brasileiro não apenas como produto, mas como narrativa cultural e tecnológica. Afinal, vender metro de tecido não paga mais as contas — o que dá status é vender história, storytelling e protagonismo no futuro da moda.
Sueli Pereira, Head de Comunicação da Santista, resumiu a ópera dizendo que apoiar o Abacaxi foi celebrar “a potência da cultura urbana brasileira”. A frase é linda, mas vamos traduzir para o dialeto House of Models: foi assumir que sem periferia não existe futuro fashion, e que o jeans, se quiser sobreviver, vai precisar fazer muito mais do que posar de bonzinho na passarela.

E convenhamos, mon petit de Xique-Xique, no fim, o saldo é simples: a Santista conseguiu transformar o velho jeans em trending topic da Rio Innovation Week. E nós, espectadores desse novo enredo, só podemos concluir: o denim não morreu, apenas baixou o app da imortalidade.
“a potência da cultura urbana brasileira”
Enquanto a moda gringa ainda patina no metaverso fake, o Brasil mostra que dá pra falar de blockchain e, no minuto seguinte, colocar a periferia no centro da narrativa fashion tupiniquim. Isso é lacração real oficial, mon amour.

E se você acha que isso é só mais um case de marketing? Deus me FREE! A gente sabe que esse é só o começo de uma treta maior: o jeans tentando sobreviver no tribunal da História.
Porque, cá entre nós, mon petit: quem diria que aquele tecido gasto que sua mãe usava pra fazer pano de chão seria o mesmo que, em 2025, estaria pedindo cidadania digital na BRIFW?
Atura ou surta, honey Lee de Não me Toque…
Beijinhos!
Foto: Divulgação
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