Se setembro fosse um vinho, seria um Bordeaux encorpado e complexo, amadurecido em barris de carvalho francês. Sim, meus caros leitores, setembro é o mês mais aguardado do ano no mundo da moda, onde as revistas de estilo fazem seu grande derrame de tendências e as modelos, como as novas rainhas da selva fashion, disputam ferozmente um lugar ao sol. E este ano, o nome que todos os holofotes da Vogue Americana decidiram iluminar é Angelina Kendall, a nova musa do editorial “The Simple Life”, fotografado pelo badalado Nigel Shafran.
Descoberta nas profundezas do Instagram em plena pandemia — porque quem disse que a internet não pode ser uma fada madrinha? — Angelina fez de sua timeline um trampolim para o estrelato. Crescendo entre as praias do Rio e os arranha-céus de Sydney, essa garota do surfe, que sonhava em se tornar médica, acabou sendo diagnosticada com algo mais contagioso que qualquer vírus: o vírus da moda. Seu remédio? Passarelas, editoriais e, claro, capas icônicas.
A edição de setembro da Vogue, para quem ainda está pegando o bonde andando, é a Super Bowl do mundo fashion. É como se fosse a noite de premiação do Oscar, mas com tecidos flutuantes, saltos vertiginosos e aquele cheiro inebriante de páginas recém-impressas. Estampar a capa e editoriais dessa edição é como receber uma consagração divina, algo que só os deuses da moda poderiam conceder. E Angelina Kendall, meus amores, recebeu essa bênção.
Foi em Sydney, o solo onde o opala brilha e as aranhas são quase tão mortais quanto os paparazzi, que Angelina decolou para o Rio e para o mundo. Logo se tornou a estrela mais requisitada da terra dos cangurus e da caipirinha. Mas Sydney foi apenas o começo. Com seu carisma magnético e uma habilidade quase sobrenatural de se transformar diante das lentes, ela conquistou o mundo. Em fevereiro, Angelina fechou com chave de ouro — ou melhor, com salto agulha dourado — o desfile de Outono-Inverno 2023 da Khaite em Nova York. A partir daí, não teve pra ninguém: Versace, Givenchy, Chanel, Louis Vuitton… Angelina estava em todas!
E como se não bastasse dominar as passarelas, Angelina também arrasou nas campanhas das maiores maisons. Louis Vuitton, Versace, Burberry, Jacquemus, Courrèges — só para citar algumas. E quem poderia esquecer as capas de revistas? Holiday Magazine, Harper’s Bazaar França, i-D, Mastermind, D La Repubblica… É como se seu passaporte estivesse carimbado com as editoras mais badaladas do mundo. Mas a cereja do bolo — ou melhor, o bordado de ouro do vestido — foi a capa de setembro da Vogue Itália, onde Carlijn Jacobs e Ib Kamara imortalizaram seu brilho inigualável.
Colaborando com lendas como Steven Meisel e Mert & Marcus, Angelina solidificou seu status como a nova força avassaladora da moda. Ela é o furacão que devastou as certezas das velhas guardas da moda, trazendo consigo uma onda fresca e arrebatadora de talento e autenticidade.
No editorial “The Simple Life”, Angelina posa com maestria looks que traduzem o legado do minimalismo, elevando o simples ao status de luxuoso. Em uma das fotos mais emblemáticas, vestindo Dries Van Noten, ela caminha por uma sala desordenada, onde jornais voam e a serenidade do look contrastam com o caos ao redor. O minimalismo aqui é mais que uma escolha estética — é uma declaração de que o estilo atemporal é a melhor resposta para a efemeridade das tendências.
Outro momento impactante do editorial é quando Angelina, em um conjunto da Fendi, queima literalmente as manchetes pessimistas de um jornal. Vestida de preto, ela caminha imperturbável, como se dissesse: “O mundo pode estar em chamas, mas eu continuarei impecável”. O contraste entre a sobriedade do traje e a chama brilhante cria uma imagem poderosa, onde o estilo triunfa sobre o caos.
Em outra cena, a estrela dos Buccaneers, Guy Remmers, aparece imerso em uma vegetação densa, usando um casaco da The Row. A mensagem? Não há como conter o estilo. A moda, assim como a natureza, tem seu próprio caminho, indomável e em constante evolução. O visual simples, mas impactante, encapsula a ideia de que o luxo está na autenticidade e na liberdade de ser.
Angelina nos leva ao centro da contracultura, vestindo uma jaqueta de mohair da Gucci, usada de forma irreverente com o avesso para fora, combinada com jeans bicolores da Lutz Huelle. Sentada em uma cozinha, conectada ao mundo por dois celulares, ela simboliza a mulher multifacetada, capaz de equilibrar o digital e o real com estilo e graça. A moda aqui não é apenas uma escolha, mas uma extensão da identidade.
Em um dos momentos mais icônicos do editorial, Angelina ergue um sorvete como um troféu, vestindo um vestido da The Row com franjas de penas que flutuam em torno de seus ombros. O contraste entre o vestido luxuoso e o simples gesto de segurar um sorvete subverte as expectativas, transformando o trivial em algo extraordinário. Este é o poder da moda — elevar o cotidiano ao sublime.
Angelina administra seu tempo de tela em um vestido de Demna para a Balenciaga, que parece estar preso ao corpo com fita adesiva. Sentada em um sofá com dois laptops, ela representa a fusão perfeita entre estilo e tecnologia, mostrando que o verdadeiro luxo moderno é a capacidade de se adaptar e de dominar múltiplos mundos.
O editorial se encerra com Angelina em um momento de transformação literal. Vestindo um top e calças cargo de Phoebe Philo, ela ajuda a mover um grande refrigerador em meio ao caos de mantimentos espalhados. A mensagem é clara: o estilo não é apenas uma expressão, mas uma ferramenta de mudança. Angelina, com sua combinação de força e elegância, nos mostra que a moda pode agitar as coisas — e transformar o ordinário em extraordinário.
Este editorial é uma narrativa poderosa sobre a moda como um reflexo e agente de mudança. Em tempos de incerteza, seja qual for o caos ao nosso redor, o estilo, a autenticidade e a capacidade de se reinventar são as verdadeiras constantes que nos guiam.
Foto: Nigel Shafran
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