Quem é Mariane López, modelo brasileira que fez seu debut internacional no desfile da Carolina Herrera SS26 em Madri?

Honey Lee da Silva, a Plaza Mayor nunca viu nada igual. No entardecer madrilenho, a praça monumental que já serviu de palco para touradas, coroações e execuções públicas se transformou em templo da moda. E não era um desfile qualquer, mon petit de Xique Xique: pela primeira vez em seus 44 anos, a Carolina Herrera abandonava Nova York, seu lar essencial, para apresentar uma coleção principal em solo europeu. O verão 2026 da casa explodiu em flores, cores e drama na capital espanhola, convertendo a cidade em epicentro global. Ui ui ui, mon amour; o babado foi histórico.

E no meio desse cenário de exuberância espanhola, entre capas que esvoaçavam como estandartes e flores que pareciam saltar dos jardins da Rosaleda, estava ela: Mariane López, 22 anos, gaúcha de Canoas, que fez de Madri o palco de sua estreia internacional. Atura ou surta, bebê: a brasileira não apenas entrou no casting babadeiro, ela cravou seu nome na história da grife com a força de quem nasceu para ser vista.

Por Fábio LageHouse of Models

De Canoas ao coração de Madri

Canoas, no Rio Grande do Sul, já viu de perto a vocação de Mariane, baby. Em 2017, ainda adolescente, ela foi vice-campeã do The Look of The Year, o mesmo concurso que revelou Gisele Bündchen ao mundo. Mas ao contrário do script previsível de quem apenas espera o telefone tocar, Mariane seguiu estudando Comércio Internacional e mantendo a disciplina de bailarina clássica. Como quem pressentia que sua carreira seria uma coreografia entre mercados, culturas e passarelas.
No Brasil, a modelo é representada pela badalada Joy Management.

E convenhamos, dear honey Lee, ao estrear na Plaza Mayor, a bela não apenas ocupou um lugar na fila do pão das musas, mas encarnou o papel de estrela. Se Karolina Kurkova revivia seu status de supermodel ao balançar uma capa e Gigi Goode roubava sorrisos com seu neon polka dot, Mariane representava algo maior: a continuidade da linhagem brasileira que insiste em se infiltrar nos epicentros do luxo global. Canoas virou Madri em uma noite, darling.

Wes Gordon em clima espanhol

Sob o comando de Wes Gordon, a Carolina Herrera encenou um espetáculo que foi tanto desfile quanto declaração cultural. A trilha sonora mergulhou na Movida madrileña, evocando a rebeldia dos anos 80 que Pedro Almodóvar; ali presente… no gargarejo da primeira fila; já havia transformado em cinema. As referências visuais eram uma ode à Espanha: vestidos estilo infanta inspirados em Velázquez, capas negras emprestadas da Casa Seseña, jaquetas de matador reluzindo em miçangas. Tudo embalado por uma paleta que ia do vermelho Herrera aos tons lilás e calêndula, salpicados de cravos e violetas, flores que são praticamente a assinatura botânica de Madri.

Não faltou exagero, claro: mangas imensas, ombros armados, caudas quilométricas, porque Gordon não foi para a Espanha brincar de discreto. “Tudo tinha que ser grande”, ele afirmou antes do show, e entregou. Em uma temporada global onde o “quiet luxury” ameaça anestesiar o público, Herrera jogou na contramão e fez da exuberância seu manifesto. O babado nessa caso é certeiro, mon petit de Xique-Xique.

Foram quase 80 looks incríveis, cada um carregando uma fatia da identidade madrilenha. Um vestido preto de abertura parecia arrancado de uma tela do Prado, cauda varrendo a praça como se desfilasse séculos de história. Outro, em jacquard amarelo-calêndula, trazia cravos dourados que remetiam tanto a festas populares quanto a diplomacia real, já que esse mesmo tom havia vestido Melania Trump em banquete com o rei Charles III. Havia ainda violetas aplicadas em camadas meticulosas sobre vestidos lilás, bustiês cintilando em gaiolas de cristal, estampas que brincavam com paralelepípedos da própria Plaza Mayor.

E foi nesse arsenal de símbolos que Mariane se encaixou como peça-chave. Sua presença no poderoso casting não soava casual, mas estratégica: ela representava frescor, novidade, uma narrativa viva de que a moda brasileira continua sendo combustível de sonhos globais. Entre cravos, violetas e capas monumentais, uma brasileira despontava como flor rara.

Palomo, Sybilla e o coro espanhol

Gordon não esteve sozinho nesse tour de força. Ele abriu espaço para talentos espanhóis darem seu tempero local. Sybilla, lenda dos anos 80, trouxe seus recortes arquitetônicos. Palomo Spain, enfant terrible da moda ibérica, subverteu a camisa branca Herrera em versão queer, com fendas históricas e mangas dramáticas. A integração de vozes espanholas elevou o desfile de simples homenagem a verdadeiro manifesto cultural.

Para Mariane, estar nesse palco compartilhado com ícones foi mais do que um simples currículo, honey: foi um verdadeiro batismo. Se Gisele Bündchen teve Alexander McQueene e Naomi Campbell teve Versace, Mariane teve Madri com Carolina Herrera. E não há estreia mais cinematográfica do que essa.

Herrera em estado madrilenho

Mon petit de Santos, a marca pertence à espanhola Puig, dona de um portfólio que inclui Nina Ricci, Byredo e Jean Paul Gaultier. E a grife mandou o recado: Carolina Herrera não é só uma marca nova-iorquina, honey… é uma marca global que pode fincar bandeira em qualquer praça do mundo.

Enquanto Nova York amarga críticas de relevância e sobrevive de minimalismo sem libido, Madri foi elevada a capital do desejo. E Carolina Herrera transformou a Plaza Mayor em passarela e fez da cidade um outdoor vivo de sua nova fragrância, La Bomba, espalhada em murais gigantes dias antes do show. Glamour e marketing 360° em sinfonia perfeita. Ui ui ui, abalou Bangu e adjacências…

Foto: Divulgação