Lembra da sensação de sentar no sofá, abrir um espumante improvisado e esperar as asas mais famosas do planeta cortarem a passarela ao som de estrelas pop? Pois bem, mon amour, esse déjà-vu virou realidade: as Angels estão de volta, e com elas renasce toda a nostalgia de uma era em que o Victoria’s Secret Fashion Show era o maior espetáculo da Terra. Mas atenção: 2025 não é só revival de glamour, é campo de batalha entre passado e futuro; entre as lendas que brilham de novo e as novas vozes que prometem lacrar, treta, lágrimas e glitter em Nova York.
Por Fabio Lage – House of Models

Ui ui ui, quem ressuscitou as asas?
Preparem o coração e os memes: o Victoria’s Secret Fashion Show vai acontecer no dia 15 de outubro de 2025, em Nova York, às 19h no horário local (20h no Brasil), com transmissão global no Prime Video e, de brinde, no YouTube, Instagram e TikTok da marca. O revival acontece depois de anos de ranço, exposed e um cancelamento histórico em 2019. Na época, o desfile saiu do ar após audiências despencarem e uma avalanche de críticas sobre padrões de beleza irreais, agravadas por declarações transfóbicas de Ed Razek, então executivo-chefe de marketing.
Em 2024, a grife até tentou ensaiar um comeback, mas entregou um show tão sem energia que foi apelidado de “desfile de outlet de shopping”. Agora, em 2025, a promessa é de espetáculo cinematográfico, casting poderoso e… finalmente; diversidade na prática. Mas será que lacra ou dá ruim?

Adriana Lima: Mortícia de asa dourada
Se tem alguém que carrega a alma da Victoria’s Secret, é nossa musa baiana Adriana Lima. A brasileira voltou ao palco em 2024 e foi recebida como a verdadeira fênix do espetáculo. Aos 43 anos, Adriana prova que Angel não tem prazo de validade. Ela já segurou asas que pesavam mais do que discurso de CEO, já brilhou em campanhas históricas e foi o rosto que o público nunca esqueceu.

Mas o que raramente vira manchete é seu lado filantrópico: Adriana apoia o orfanato Caminhos da Luz, em Salvador, e já doou prêmios de TV para projetos de saúde infantil. No desfile de 2025, além de resgatar o glamour clássico que andava perdido, ela também representa maturidade e consistência; algo que nenhuma nova Angel consegue replicar.

Lily Aldridge: a Barbie diplomática
Angel entre 2009 e 2018, Lily Aldridge retorna como quem diz “eu sou o elo entre passado e futuro”. Foi capa lendária da Sports Illustrated em 2014 ao lado de Chrissy Teigen e Nina Agdal e sempre representou a estética girl next door de luxo. No entanto, pouca gente fala de sua atuação fora da moda: Lily é embaixadora da World of Children, organização que apoia crianças vulneráveis.

No palco, sua presença deve simbolizar o resgate de uma era mais clássica do VSFS. Esperem asas etéreas, styling tradicional e aquele sorriso treinado que não entrega treta, mas entrega manchete.

Joan Smalls: casca de bala latina
Pioneira e poderosa, Joan Smalls foi a primeira latina a estampar uma campanha global da Estée Lauder em 2011. Desde então, se tornou sinônimo de passarela impecável. Mas Joan não vive só de beleza: em 2020, doou 50% da sua renda anual para causas ligadas ao Black Lives Matter. Um gesto raríssimo no circuito das tops, mostrando que ela não tem medo de politizar sua carreira.

Sua volta ao VSFS é carregada de simbolismo. Ela representa tanto o “glamour clássico” quanto a voz ativista de uma nova era, provando que modelo pode sim ser casca de bala… na beleza e na coragem.

Anok Yai: tela em branco, pincel na mão
A sudanesa Anok Yai é a personificação do acaso transformado em destino. Descoberta por um fotógrafo em uma festa universitária, viralizou na internet e foi parar nas passarelas mais disputadas do planeta. Em 2018, entrou para a história ao se tornar a primeira modelo negra desde Naomi Campbell a abrir um desfile da Prada.

Mas o que raramente aparece nos perfis rasos é seu lado humano: Anok já falou abertamente sobre ansiedade social e experiências de racismo na adolescência em New Hampshire, nos EUA. Esses episódios moldaram sua voz e sua sensibilidade artística. Sim, porque além de modelo, ela também se dedica à pintura e residências artísticas. No desfile de 2025, a expectativa é que seu carisma magnético seja usado em looks futuristas e ousados; porque Anok é runway, mas também é arte, mon petit de Xique-Xique!

Alex Consani: atura ou surta, bebê!
Querides, segurem o wig porque Alex Consani está chegando para fazer história. Em 2024, foi coroada Modelo do Ano no British Fashion Awards, se tornando a primeira mulher trans a conquistar o título. E se isso não bastasse, Alex já virou referência de autenticidade: nos bastidores de uma prova de looks para a Victoria’s Secret, revelou que usava uma tucking panty de marca trans-led, mostrando como a marca finalmente teve que adaptar fittings e styling para corpos diversos.

E convenhamos, darling Lee de São Miguel do Gostoso… A babadeira Alex não é só mais uma Angel: a bela é a revolução encarnada. A presença da modelo no VSFS 2025 é statement puro, honey. Se a marca não souber capitalizar sua energia, perde a chance de mostrar ao mundo que entendeu que inclusão não é discurso, é ajuste real no zíper da peça.

Yumi Nu: curva é poder, mon petit
E para fechar a lista inicial, temos a gata Yumi Nu, estreante no palco do VSFS, mas veterana na quebra de barreiras. Em 2022, entrou para a história como a primeira modelo plus-size asiático-americana a estampar a capa da Sports Illustrated. Além disso, fundou a Blueki, marca com grade que vai de XXS a 6X, entregando moda democrática e consciente… o babado é certo, querides!

Yumi também enfrentou ataques de Jordan Peterson, que disse que ela “não era bonita”. Sua resposta serena e firme virou manchete global e reposicionou o debate sobre gordofobia e padrões irreais de beleza. Agora, sua estreia na Victoria’s Secret será o termômetro definitivo: a marca vai mesmo abraçar o plus-size ou vai cair no tokenismo barato?

Produção: vai ser pink carpet ou praça de alimentação?
Se em 2024 o show foi criticado por parecer uma versão “budget” de si mesmo, em 2025 o desafio é dobrado. A promessa é de espetáculo cinematográfico, mas ainda não há informações sobre orçamento, cenografia grandiosa ou sustentabilidade. E o histórico pesa: durante anos, a marca usou toneladas de penas e materiais descartáveis em suas asas, ignorando o impacto ambiental.
O pink carpet deve abrir 30 minutos antes, aquecendo a audiência global com celebridades e influenciadores prontos para viralizar no TikTok. Mas o público não vai perdoar se a produção repetir a atmosfera morna de 2024.

Inclusão: tokenismo ou revolução?
Sim, a VS colocou Alex Consani e Yumi Nu no elenco. Mas duas modelos bastam para decretar inclusão real? Difícil. A representatividade plus-size ainda é mínima na moda internacional; relatórios apontam que apenas 0,8% dos looks nas últimas temporadas das grandes semanas de moda foram desfilados por modelos curvy. Se a Victoria’s Secret quiser provar que mudou de verdade, vai ter que mostrar mais diversidade no palco, e não apenas no press release… Alguém apresenta a nossa top Carol Caputo para eles, gente?

Glamour, treta ou exposed?
O Victoria’s Secret Fashion Show 2025 é sobre a chance de redenção de uma marca que já foi sinônimo de glamour e depois virou sinônimo de ranço. Adriana Lima, Lily Aldridge e Joan Smalls carregam a memória. Anok Yai, Alex Consani e Yumi Nu representam o futuro.
Se o show entregar espetáculo, inclusão palpável e energia, pode ressuscitar a aura perdida. Se repetir os erros de 2024, vira meme global antes mesmo da última asa sair do palco.
Ui ui ui, honey Lee, se preparem: as asas estão de volta. E desta vez, se não for para lacrar, melhor nem abrir a cortina.
Beijinhos.
Foto: Reprodução
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