Orgulho em voz alta: Valentina Sampaio transforma palco em passarela!

Com paetê, poesia e poder, a cearense que já foi da renda ao red carpet retoma suas memórias em plena celebração LGBTQIA+ – e mais uma vez, rouba a cena.

Por Fabio Lage House of Models

Enquanto o mundo LGBTQIA+ comemora as vitórias, resiste aos retrocessos e colore junho com glitter, afeto e indignação, uma brasileira brilha entre os ícones globais que não apenas representam e arrasam, honey Lee de Trairi: eles ressignificam. Estamos falando de Valentina Sampaio, top model transgênero babadeira nascida no Ceará e criada entre pescadores e mulheres rendeiras, que compartilhou registros memoráveis de sua trajetória em pleno Mês do Orgulho.

Na publicação recente, Valentina abriu seu álbum pessoal e relembrou sua participação no evento internacional “Raising Voices”, realizado em Los Angeles em 2021, onde foi presença de honra. A ocasião, que reuniu lideranças e figuras influentes do ativismo LGBTQIA+, foi um marco de representatividade – e Valentina, como sempre, transformou o palco em passarela e o discurso em revolução fashion.

Usando um vestido nude cravejado de paetês vermelhos, desenhado como uma labareda vestível, e um casaco peluciado também vermelho, volumoso e teatral, a modelo cearense encarnou ali o que nenhuma trend de TikTok ensina: orgulho não se veste – se carrega na alma. E nesse caso, se borda em paetê e puro lacre!

De uma vila à Vogue Paris: o começo do babado

Filha do litoral nordestino, Valentina não nasceu em berço de ouro nem com editoriais a caminho. Cresceu em um vilarejo simples do Ceará, onde a pescaria sustentava a mesa e as mulheres rendavam sonhos com linhas finas. Mas ela queria mais. E conseguiu, mon petit.

Em março de 2017, aos 20 anos, estampou a capa da Vogue Paris — um feito histórico. Intitulada La Beauté Transgenre, a edição consagrou Valentina Sampaio como uma das primeiras modelos transgênero da história a aparecer na capa da publicação. Não foi só capa: foi terremoto editorial.

A partir dali, foi um desdobramento de lacres: desfilou para a L’Oréal na Semana de Moda de Paris, ao lado de Jane Fonda e Helen Mirren, pisando ao som dos flashes como quem já nasceu pra esse altar. Foi a primeira modelo trans a trabalhar com a Victoria’s Secret, e a primeira a desfilar no tradicional fashion show da marca de lingeries – um território historicamente exclusivo para padrões limitadíssimos. Até que Valentina chegou, mon amour, e botou a lógica cisnormativa pra vazar na braquiara.

Como se não bastasse, foi também a primeira modelo trans a posar para a Sports Illustrated, a bíblia das curvas femininas norte-americanas. Entre biquínis, ondas e olhares enviesados, ela cravou seu nome como símbolo de uma nova era: uma era em que corpos trans não são mais silenciados, mas celebrados.

A musa das campanhas internacionais e recordista da SPFW…

Darling, quem achava que Valentina se limitou ao editorial de impacto, está completamente na Disney, bebê! A top brasileira se consolidou como rosto de campanhas de peso internacional, estrelando anúncios de gigantes como Balmain, Marc Jacobs, L’Oréal e Armani Beauty. O close certo virou hábito. O lacre, rotina.

No Brasil, ela fez história também na São Paulo Fashion Week, onde foi recordista de desfiles em sua temporada de estreia. E quem acompanhou ao vivo lembra: não teve uma passada sequer que não arrancasse aplauso, suspiro ou post exaltado no Instagram. Era passarela, era presença, era política feita com saltos e olhares firmes.

Nas bancas e nas timelines, estampou capas e editoriais em revistas que moldam o imaginário da moda global: Vogue, Elle, Harper’s Bazaar, Vanity Fair, Odda, L’Officiel. A lista é tão grande que faltou quiosque em aeroporto pra tanta capa.

Do glamour à dramaturgia: Valentina nas telonas

E como boa artista multifacetada, a gata também invadiu o cinema nacional com a leveza de quem não precisa provar nada a ninguém. Em 2018, protagonizou o longa Berenice Procura, contracenando com nomes como Vera Holtz. No filme, mergulhou em temas como transfobia, identidade e afeto – sempre com aquele brilho nos olhos de quem sabe que tá fazendo história com H maiúsculo.

Uma voz política que ecoa até a ONU

Mas o que diferencia Valentina Sampaio de tantas outras figuras públicas não é só o currículo invejável, é o propósito com que a bela carrega cada conquista. Em 2024, a top foi eleita pela ONU para palestrar no 3º Fórum Global da Unesco contra o Racismo e a Discriminação. Um marco que coroa uma trajetória de quem nunca se escondeu, nunca se omitiu e sempre soube que estar em evidência não é só um privilégio — é uma responsabilidade.

Ali, diante de diplomatas, acadêmicos e representantes do mundo todo, ela não desfilou. Ela discursou. E como sempre, deixou a plateia encantada e reflexiva. Porque quando Valentina fala, é impossível desviar o olhar.

No fim, o que Valentina representa vai muito além da moda, honey Lee de Cuiabá. Ela é o elo entre o que fomos, o que sonhamos ser e o que já estamos nos tornando. É memória viva de que a representatividade salva, que a visibilidade cura e que o orgulho transforma.

E no mês em que celebramos todas as cores que cabem no coração humano, ela nos relembra que beleza e identidade não se excluem — se alimentam. Que ser trans é potência. E que ser Valentina Sampaio, mon amour; é um ato revolucionário, com direito a paetê, discurso e tapete vermelho babadeiro.

Atura ou surta, bebê: o futuro é trans, é brasileiro, e tem passarela garantida.
E se vier com casaco vermelho, então? É bom preparar o palco, o feed, o mundo.

Foto: Divulgação