Lady Gaga, Glamour e Gritaria: O Dia em que Copacabana Virou Popstentação Nacional!

2212763536

Quando a praia virou passarela, altar e palanque para 2,1 milhões de little monsters

Acorda, mon amour, porque o Rio de Janeiro não dormiu desde aquela noite em que Lady Gaga transformou Copacabana em altar, palanque, passarela e purgatório. O show mais comentado de 2025 — e talvez da década — aconteceu no dia 3 de maio, dentro do projeto “Todo Mundo no Rio”, e lotou a orla com 2,1 milhões de pessoas. Mas se engana quem achou que era só uma apresentação gratuita, mon chéri: o que vimos foi uma performance geopolítica, simbólica, fashionista e com toques de sarcasmo, espiritualidade e acidez crítica. E o House of Models estava lá, entre o empurra-empurra e os gritos histéricos, para contar T-U-D-O.

RIO DE JANEIRO, BRAZIL – MAY 3: Lady Gaga performs at Copacabana Beach on May 3, 2025 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Kevin Mazur/WireImage for Live Nation)

Primeiro Ato: Gaga Presidenta do Brasil e Rainha do Shade

Gaga apareceu coberta por um vestido vermelho monumental, cantando “Bloody Mary” como quem invoca entidades. O tecido se abriu como cortinas revelando uma engrenagem viva de bailarinos: uma metáfora clara de que aquela diva só se ergue com sua equipe — e talvez um aceno à estrutura política que também ergueu o evento. Em segundos, ela troca para um vestido verde bandeira, com uma faixa azul presidencial que mais parecia a logo da Nike. E ali, diante de milhões, Gaga cantou “Judas” vestida de presidente do Brasil. Coincidência ou recado para os que adoram um Messias?

Em cima de uma imensa mesa, com uma caneta de pena nas mãos, ela assina decretos fictícios ao som de “Scheiße” (“merda”, em alemão). A dominatrix despacha, reina e confronta. E a gente assiste, de boca aberta, entendendo que o palco era mais um palanque e que ali se escrevia um capítulo político e simbólico da história pop.

RIO DE JANEIRO, BRAZIL – MAY 3: Lady Gaga performs at Copacabana Beach on May 3, 2025 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Kevin Mazur/WireImage for Live Nation)

Segundo Ato: Autoexorcismo em Alto Mar de Glitter

Vieram então os atos performáticos divididos como em uma ópera punk. Em “Garden of Eden”, Gaga surge com visual andrógino, remetendo ao seu alter ego Jo Calderone, e inicia uma narrativa introspectiva. Ao final, a própria Gaga batalha contra a versão caricata de si mesma — a fase “Bad Romance” — em uma cena que remete ao desfile “It’s Only a Game” de Alexander McQueen, de 2005. Nada ali era só entretenimento. Era manifesto fashion, autoexorcismo, quebra de persona.

Depois de vencer a si mesma em pleno tabuleiro McQueeniano montado sobre as areias cariocas, Gaga faz o que toda diva pop faz quando atinge o clímax da catarse: enterra sua própria era. Sim, mon amour, foi ali mesmo — na praia de Copacabana — que ela sepultou o passado com direito a funeral simbólico digno de novela mexicana. E a gente se pergunta: será que Fernando, Roberto e Alejandro também estão por lá, soterrados entre um isopor de mate e a dignidade perdida de quem madrugou pra pegar grade? Se alguém achar uma mãozinha pra fora da areia, não se assuste — pode ser só o Mãozinha da Família Addams tentando dar seu último tchau.

Terceiro Ato: Tradução simultânea com emoção tripla

A emoção atinge seu ápice quando Gaga pausa tudo para declarar seu amor ao Brasil — mas em vez de apenas soltar um “obrigada” dramático ao vento, ela faz questão de ser compreendida por inteiro. E é aí que entra Nicolas Rafael Garcia, um verdadeiro lord do Copacabana Palace que deixaria “Ferdinando”, do Vai que Cola se corroendo de inveja. Nada de concierge, mon amour — Nicolas é formado em hotelaria pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, trabalha há três anos no lendário hotel e acaba de ser promovido a sênior na equipe de mordomos VIP. Ele lidera o atendimento personalizado e discreto para hóspedes de alto perfil — e não existe perfil mais alto que o de Lady Gaga em plena Copacabana.

RIO DE JANEIRO, BRAZIL – MAY 3: Lady Gaga performs at Copacabana Beach on May 3, 2025 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Kevin Mazur/WireImage for Live Nation)

Com desenvoltura de mestre de cerimônias e emoção na voz, Nicolas sobe ao palco para traduzir o discurso da diva. Gaga fala, Nicolas verte para o português com elegância. E nós, meros mortais na areia, testemunhamos o que parecia um culto pop de adoração mútua. Os olhos marejados de Gaga se encontraram com os gritos e leques do público. E ali, entre tatuagens de “Rio” na nuca e declarações de amor universal, Gaga e Nicolas entraram juntos para a história — ele como o intérprete da emoção, ela como a rainha coroada por 2,1 milhões de súditos descalços.

Quarto Ato: Gaga Encarna Xuxa, Jo Calderone e o Fim do Pop

Entre uma lágrima e outra, Lady Gaga ressurge no palco com um figurino que, de longe, poderia ser confundido com um fardamento de líder de torcida da seleção — mas, de perto, é puro editorial conceitual com DNA brasilis e a assinatura teatral que só ela sabe carregar. O look amarelo com detalhes azuis, ombreiras esculturais e babados dramáticos faz referência direta às silhuetas dos anos 80 — e se alguém duvidava da homenagem, basta lembrar de nossa eterna Rainha dos Baixinhos. Xuxa, mon amour, se você estiver lendo isso: foi pra você sim.

Mas não para por aí. Gaga segura uma caveira como se estivesse ensaiando uma versão punk-gótica de Hamlet. “Zombieboy”, a canção escolhida, amplifica a aura performática de um desfile teatral de Halloween carioca. E quando achamos que ela não poderia ficar mais política, ela volta ao palco com uma faixa presidencial verde atravessando o peito. Uma provocação estética? Um aceno à democracia tropical? Um teaser para 2026?

Nesse momento, canta “Die With A Smile”, sua parceria com Bruninho Mars, nosso chart darling nacional. Seria essa a senha subliminar para a próxima headliner do “Todo Mundo no Rio”? Se for, a faixa já nasceu hino. Gaga pode até tentar se despedir do pop em meio a tanta teatralidade, mas “Bad Romance” volta das cinzas como um feitiço que nem ela consegue quebrar. O pop, meu bem, é ela — e o Brasil sabe.

RIO DE JANEIRO, BRAZIL – MAY 3: Lady Gaga performs at Copacabana Beach on May 3, 2025 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Kevin Mazur/WireImage for Live Nation)

Quinto Ato: Gótica Suave na Praia com Discurso de Autoajuda Real

Gaga surge com peruca curta preta, gótica suave, cantando “Shadow of a Man”. E no fim, entrega um dos discursos mais potentes da noite:

“Alguns dias eu ainda acordo não acreditando em mim mesma… mas vocês precisam acreditar em vocês!”

— fazendo um tributo visceral à comunidade LGBTQ+ e levando a multidão ao delírio ao som de “Born This Way”.

RIO DE JANEIRO, BRAZIL – MAY 3: Lady Gaga performs at Copacabana Beach on May 3, 2025 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Kevin Mazur/WireImage for Live Nation)

O Pós-Show: Madonnices, Milhões e o Prefeito no Galeão

A cereja do bolo veio com um shade elegante e gelado vindo de quem? Ela mesma: Madonna. No mesmo final de semana do show de Gaga, a rainha do pop postou em seus stories um vídeo de sua filha dançarina vogando com a legenda: “Born to Vogue. Kisses to Brazil”. A cutucada não foi gratuita: Madonna já havia acusado Gaga de plagiar “Express Yourself” em “Born This Way”, inclusive incorporando o hit no medley de sua turnê MDNA para provar a semelhança. Quem entendeu, entendeu.

O investimento do evento foi de R$ 92 milhões — 50% a mais do que o show da própria Madonna no ano anterior. O impacto financeiro? Estonteante: R$ 600 milhões injetados na economia local, hotéis lotados fora da alta temporada e o Rio de Janeiro trending topic global.

Mas, ah, como sempre, nem tudo é paetê. Parte do investimento veio dos cofres públicos. E em um país onde falta saneamento básico e sobra desigualdade, é justo perguntar: quem lucra com isso? O povo ou os patrocinadores?

RIO DE JANEIRO, BRAZIL – MAY 3: Lady Gaga performs at Copacabana Beach on May 3, 2025 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Kevin Mazur/WireImage for Live Nation)

Rio: a nova Barcelona (só que com mais suor e menos metrô)

O prefeito Eduardo Paes apareceu como maestro do espetáculo, mas até as palmeiras da orla sabiam que o show tinha um quê de campanha antecipada. A cidade apostou alto no “city branding”, como fez Barcelona em 1992. A diferença? Aqui foi fora de temporada — um golaço de marketing. Mas branding sem base é só vitrine. Para funcionar, precisa de planejamento urbano, legado social e escuta popular. Senão, vira show de fumaça.

Gaga reina, Paes voa e o povo dança

Horas antes do show, o próprio Eduardo Paes — o prefeito mais pop do Brasil — anunciou que estava embarcando para os Estados Unidos. Sim, minha filha, o moço deixou o after pra lá e foi vender o Rio como capital da inteligência artificial. “Comportem-se, por favor. Aproveitem a Lady Gaga, aproveitem o Rio de Janeiro”, disse ele em vídeo direto do Galeão. Deixou o vice no controle e partiu para Los Angeles, São Francisco, Seattle e Washington com um pendrive cheio de pitchs e promessas.

Paes tem sido o rosto das polêmicas envolvendo o uso de verba pública para megashows, mas não foge da raia. Já avisou que gastou com Madonna, vai gastar com Lady Gaga e se Beyoncé topar, ele abre a conta outra vez. Porque, segundo ele, os hotéis bombam, os restaurantes transbordam e o Rio brilha. Argumento pop-econômico ou estratégia de reality político? O tempo dirá.

RIO DE JANEIRO, BRAZIL – MAY 3: Lady Gaga performs at Copacabana Beach on May 3, 2025 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Kevin Mazur/WireImage for Live Nation)

Epílogo Pop: Gaga quebra recordes com The MAYHEM Ball

A noite de 3 de maio entrou oficialmente para os livros de história. Lady Gaga agora detém o recorde de maior público presencial já registrado para uma artista feminina na história da humanidade. Foram 2,1 milhões de pessoas — segundo dados da Prefeitura do Rio e da Polícia Militar — dançando, gritando, se descabelando e vivendo seu momento “Joanne on the beach”.

O show gratuito em Copacabana atraiu fãs de vários cantos do planeta, que vieram ao Brasil não só para ver a diva, mas para testemunhar um marco. Gaga se apresentou logo após encantar no festival de Coachella e lotar estádios na Cidade do México. Em seguida, parte para Singapura antes de rodar a América do Norte, Europa, Reino Unido e Austrália com a turnê “The MAYHEM Ball”.

A megaprodução foi assinada pela Bonus Track em parceria com a Live Nation, e exibida ao vivo pela TV Globo, Multishow e Globoplay. Isso mesmo, o mundo assistiu — e a gente cobriu com independência fashionista e a língua mais afiada que peruca de drag no vento de Ipanema.

Ah, e o projeto “Todo Mundo no Rio”, que encabeça esses eventos, contou com uma constelação de marcas patrocinadoras. Anota aí, que é babado: Corona como apresentadora oficial, Santander como banco oficial, LATAM como companhia aérea oficial, além de Zé Delivery, Guaraná Antarctica, Beats, C&A, TRESemmé, 99, Absolut e Eventim. Deezer entrou como player oficial e a Klefer foi parceira comercial.

Marcas correram para ativar campanhas, a praia virou outdoor do mundo — e a gente, mesmo sem credencial, entregou um artigo mais poderoso que qualquer VT institucional. Porque aqui, no House of Models, a gente não pede bis: a gente dita o ritmo, darling Lee!

O Brasil é Pop e a Praia é Palco

E no fim, o saldo? Lady Gaga saiu consagrada. O Rio virou trending. Os patrocinadores surfaram no buzz. Os críticos ganharam munição. E o povo? O povo dançou. Porque no Brasil, a gente dança até com dívida, mas dança com pose.

Que venha o próximo ato, mon amour. Porque depois desse, o Brasil é pop, é político, é palco. E o House of Models, como sempre, é plateia VIP com caneta afiada.

Fim. Ou melhor: Next?