Por Fábio Lage – House of Models
Se você acha que vida de jornalista de moda é puro glamour, ah mon amour, senta que lá vem história! Saímos do Rio de Janeiro cheios de expectativas e pegamos a estrada rumo a São Paulo para conferir de pertinho as novidades da label LINI. Mas, como bons guerreiros da notícia fashion, enfrentamos um perrengue que nem Hollywood roteirizaria: ficamos presos por mais de uma hora em um congestionamento épico na rodovia Rodoanel, causado por um acidente monstruoso entre duas carretas. E como desgraça pouca é bobagem, ao chegar no prédio onde havíamos locado o apartamento, fomos barrados na entrada após o segurança detectar nosso acompanhante mais ilustre: João Paçoca, nosso American Pit Bull Terrier. Mesmo com o condomínio se declarando Pet-Friendly no anúncio, fomos vítimas de um racismo canino velado e gastamos horas tentando resolver a situação. Resultado? Foi chegar, sentar e ver o desfile começar — e que desfile, mon amour do céu!
Um tributo luxuoso às grandes divas do cinema
No majestoso Auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina, a poderosa grife LINI transformou seu desfile “Eras” em um verdadeiro tributo à Era de Ouro de Hollywood. Inspirada pelas divas silenciosas do cinema mudo e pela explosão de cores que marcaria a emancipação feminina nas décadas seguintes, a marca trouxe à tona uma coleção que desfilou entre o contido e o grandioso, entre a sombra e a luz, entre a alfaiataria rigorosa e a fluidez dos sonhos.
Diferente da tendência atual — onde celebridades e digital influencers invadem as passarelas relegando modelos profissionais a segundo plano — a LINI fez história ao privilegiar um casting de peso: um elenco estrelado por nomes que entendem a arte de desfilar, dominar o catwalk e fazer do pivô um espetáculo em si.
Entre as estrelas que iluminaram o palco estavam Alessandra Berriel, com seu pivô digno de tapete vermelho; Gianne Albertoni, poderosa e magnética; Daiane Conterato, ícone da precisão minimalista; Indyra Carvalho, com sua presença hipnotizante; além de Caroline Caputo, que levou a representatividade dos corpos positivos com elegância, e a triunfal Celina Locks, que voltou às passarelas após 10 anos, ovacionada. Sem esquecer das poderosas Isabeli Fontana, Vivi Orth, Bárbara Berger, Cris Herrmann, Flavia Lucini, Marina Dias, Mariane Calazan, Eve Moraes, Isabel Hickmann e Marcelle Bittar, que abrilhantaram ainda mais o show.
Uma narrativa em blocos de moda e emoção
A coleção foi inteligentemente dividida em blocos — mas, mon chéri, nada de listar como se fosse supermercado, porque aqui no House of Models a gente narra moda como quem canta ópera com batidão poderosa da Anitta!
A jornada começou com o Bloco Solar, onde ternos xadrezes e vestidos em amarelo mostarda abriram a noite com uma energia vibrante, como o nascer de um sol cinematográfico em plena passarela. Cada look parecia anunciar: se prepare para a grande viagem da moda, darling!
Em seguida, mergulhamos no Bloco Dourado, onde macacões, slip dresses e túnicas acetinadas, em tons de vinho, roxo e champanhe, desfilaram com uma luz própria, flertando com a sensualidade contida dos anos dourados, mas reinventada para a mulher contemporânea que sabe ser estrela do seu próprio filme.
O desfile então atravessou o Bloco Rural-Chic, um campo couture onde vestidos e conjuntos em xadrez foram reinterpretados com plumas e volumes estruturados. Ali, a estética bucólica encontrou a sofisticação cinematográfica, num balé visual que nos lembrou que moda também é sobre contar histórias.
Por fim, o Bloco Drama P&B fechou a apresentação com uma alfaiataria impecável em preto e branco, marcada por cortes dramáticos, lapelas imponentes e tecidos que abraçavam o corpo com autoridade. Era o último ato de um filme de época onde, finalmente, as mulheres conquistam o palco principal.
Casting de respeito: sem influenciadores, só talento
Enquanto outras marcas tentam surfar na onda dos famosos para ganhar likes fáceis, a LINI fez diferente — e fez história! Com um elenco 100% composto por modelos profissionais, o desfile resgatou a essência da passarela como território de técnica, interpretação e savoir-faire.
Os pivôs perfeitos — tão subestimados na era da pose estática para selfie — deram um show à parte. Ver uma Alessandra Berriel girar o corpo com precisão, ou uma Daiane Conterato imprimir emoção no caminhar, é assistir à verdadeira alta performance da moda. A LINI nos lembrou, sem precisar dizer uma palavra, que um bom casting é o melhor styling que uma marca pode ter.
E é preciso dizer: o styling primoroso, assinado pela dupla babadeira Gabriel Fernandes e Julia Moraes (GaJu Styling), não apenas trouxe vida aos looks, mas também colaborou diretamente na escolha desse casting fabuloso, unindo visão estética e respeito ao DNA da marca. Um golaço duplo no catwalk, mon amour!
A beleza que exala elegância silenciosa
A beleza, assinada pela expert Jana Marques, foi outro show à parte. Utilizando produtos da label de beleza Celina Locks Beauty, Jana criou um visual de maquiagem minimalista — focando na pele impecável e bocas levemente acentuadas — e penteados que remetiam à elegância eterna das grandes atrizes de cinema. Era como se cada modelo fosse uma verdadeira protagonista de um épico particular.
Direção impecável: o espetáculo nos bastidores
Sob a direção criativa de Aline Guella, a coleção encontrou equilíbrio perfeito entre respeito histórico e desejo contemporâneo. A execução impecável do desfile ficou por conta do querido Ed Benini, que orquestrou uma apresentação limpa, emocionante e tecnicamente irrepreensível — da luz à música, passando pela distribuição dramática dos blocos narrativos.
LINI: a marca que já nasceu icônica
Fundada em 2022 pelas mãos apaixonadas de Aline Guella e Eduardo Faci, a LINI é orgulho nacional. Apostando na alfaiataria como grande diferencial, mas expandindo para peças versáteis e atemporais, a marca veste a mulher contemporânea com sofisticação, conforto e propósito.
E mais: sua filosofia vai além da estética. A LINI acredita na democratização da moda, criando peças que respeitam a rotina multifacetada da mulher moderna — que transita entre reuniões, lazer, filhos, viagens e a vida com toda sua complexidade. Porque, mon amour, quem disse que dá pra viver uma vida só?
Luxo é técnica, é casting, é respeito
Se o desfile da LINI foi um filme, podemos dizer que foi digno de Oscar — e não apenas pelo figurino, mas pela direção impecável, pelo elenco talentoso e pela coragem de nadar contra a corrente. Enquanto muitos se rendem à fórmula fácil do hype, a LINI apostou na construção sólida de marca, na excelência do produto e na reverência à história da moda.
E nós, do House of Models, orgulhosamente contamos essa história para você — direto da trincheira fashion, com congestionamento na estrada, boicote canino e muita paixão pela moda nacional de verdade!
Fim do espetáculo, início de uma nova era.
Atura ou surta, bebê.
Foto: Ze Takahashi