“Não vai mostrar? Vai sim!” — Walério Araújo vira do avesso (literalmente) o bom-mocismo da moda na SPFW N59

Ui ui ui, mon amour… prepara o close e o recalque porque o tapete da São Paulo Fashion Week vai virar passarela de autoafirmação, fetiche e muita onça articulada!

Walério Araújo, o nome que há anos costura opulência com identidade, volta à SPFW N59 com um desfile que é, ao mesmo tempo, performance e cutucada fashion. E sim, ele trouxe TUDO. Alfaiataria? Tem. Vinil? Tem. Camiseta de recado na cara da sociedade? TEM. O estilista — que já é sinônimo de irreverência no circuito — agora propõe um desfile inteiro do avesso. Literalmente. O primeiro look é um terno com a costura pra fora, simbolizando tudo aquilo que a gente carrega por dentro mas vive tentando esconder. Ou seja: um desfile que começa em modo exposed.

Walerio Araujo – SPFW N58 – Foto: Marcelo Soubhia / @agfotosite

“Eu não tô nem aí e nem te peço desculpa”

O croqui que recebemos com exclusividade — babado, viu? — mostra um dos moods da coleção: camiseta oversized com a frase “I’m not sorry” estampada com tinta dramática, quase um grito visual, jogada por cima de uma calça de veludo alemão preto de cintura marcada. É moda com atrevimento, baby. É um “fuck off” fashion de quem já cansou de pedir desculpas por existir.

A alfaiataria veio… mas veio de costas nuas.

O desfile avança com conjuntos que têm a frente fechada e as costas completamente expostas. É a desconstrução da caretice, um flerte com o cross-dressing, o fetiche e a liberdade de quem performa o próprio corpo — não importa o gênero, o tamanho ou o formato. Afinal, como o próprio Walério já deixou claro em temporadas passadas: corpo é território de expressão, não de repressão.

E se alguém ainda duvida que ele está pronto pra abalar estruturas engessadas, os vestidos usados por modelos masculinos (em estampas, modelagens e silhuetas sensuais) vêm como resposta. Um desses looks estampa a musa trans Márcia Dailyn, homenageando não só sua trajetória como a insistência da moda em ser palco de narrativas plurais — quando bem feita, né, meu bem?

E terá performance de vida real também:

Influenciadora e musa do House of Models, a babadeira Maya Mazzafera vem toda montada em terninho e camisa masculina, fazendo a linha “homem de negócios que manda no próprio drama”. Já a chef Janaína Torres aparece com um look híbrido: na frente, um dólmã de cozinha; nas costas, um vestido estampado que evoca sua persona noturna, a icônica Dona Onça. É o dia e a noite, o ofício e o gozo, tudo misturado em tecido e conceito.

Onça articulada, vinil colado, renda transparente e balaclava de strass — sim, tudo ao mesmo tempo!

A nova collab com a marca de bolsas Guarda Mundo é o toque final no statement de Walério. Mochilas, pochetes e bolsas que brincam com design desmontável, tampas removíveis, animal print que dá o bote e muito bordado dramático. Já os calçados, assinados com a Cláudio Carvalho, prometem pisão de salto grosso e fino — vai ter bota, vai ter rasteira, vai ter a mulher na rua e o homem no salto. E quem quiser que lute!

Tecidos? Um desfile de texturas: Tafetá, jersey, shantung, vinil, renda, veludo alemão (aquele que a gente ama tocar com os olhos), além das superfícies em casa-de-abelha feitas no Atelier Masí de Pernambuco. A cartela de cores? Preto, nude, tons quentes e o eterno roxo diva de quem nunca passou despercebido.

E o melhor: vai poder comprar tudo, sim senhor!
As peças estarão de Walério Araújo estarão à venda dias 11 a 13 de abril na Galeria Metrópole, com direito às collabs e a um revival da coleção Copan e da icônica Turma da Mônica — que, cá entre nós, foi a coisa mais fofa-sexy que o Brasil já viu.

Foto: Divulgação
Foto: Marcelo Soubhia – @agfotosite
Cartoon: Fabio Lage