Isis Bataglia: Vinte Anos de Moda e Superação – Uma Jornada que Vai Muito Além do Glamour!

Darling, aperte os cintos! Estamos prestes a embarcar na vida real de uma modelo que, diferente das passarelas onde cada passo é calculado e deslumbrante, enfrentou um caminho repleto de altos, baixos, lágrimas, saltos e flores. Isis Bataglia, a brasileira que começou na moda aos 14 anos, completa duas décadas de uma trajetória que mistura superação, lágrimas e, claro, muito glamour. Mas atenção: aqui, glamour rima com resiliência. Estamos falando de uma mulher que transformou cada obstáculo em combustível, provando que a moda é muito mais do que flashes e olhares – é uma prova de resistência psicológica, cultural e social. – Ui ui ui, que babado forte!

O Início da Montanha-Russa

Ah, Honey Lee, quem vê hoje a segurança de Isis na frente das câmeras, nem imagina o furacão interno que essa jornada representou. Aos 14 anos, a brasileira começou com um contrato da agência de modelos Elite após ser finalista de um concurso, mas a entrada no mercado internacional se revelou um verdadeiro teste de fogo. Com Paris e Milão como cenários de seus sonhos, Isis também conheceu o lado sombrio de uma profissão que exige o máximo, enquanto entrega poucas certezas

E quando falamos de exigências, não pense em rotina de escritório, querido leitor! A pressão para atingir o padrão físico, a insegurança com o próprio corpo e os “não” que se acumulavam como dívidas em cada agência foram apenas os primeiros capítulos de sua saga. Paris e Milão tinham cobranças que iam além das contas bancárias: as agências adiantavam passagem, aluguel, books, e até os motoristas, mas quando os trabalhos não aconteciam como esperado, a dívida só crescia. Isis conta como, em um ponto crítico, ouviu que “22 anos já era demais” para a moda. Se isso não for crueldade, eu não sei o que é, darling– Santa Gisele dos Nãos tem poder!

“Ao longo desses 20 anos, o momento mais desafiador que tive foi quando eu, com 22 anos, fui “demitida” das minhas agências de Paris e de Milão por ter uma dívida nada agradável com elas. As agências adiantavam passagens, aluguéis de apartamentos bem caros, books, cards, motoristas, dinheiro para a semana; pagávamos conforme trabalhávamos, mas como no meu caso foi difícil e demorado chegar a trabalhar, criei dívidas em muitas agências.
Eu estava no Japão, e sendo uma das primeiras vezes que ganhei um dinheirinho (no meu 5º ano no exterior), conseguiria bancar uma curta estadia em Paris e foi isso que resolvi fazer, fui para minhas 12 entrevistas com agências para ver se gostariam de me agenciar.
Ouvi 9 nãos seguidos e, além deles, logo a segunda agência quis me falar algumas verdades” – que eu com 22 anos já estava velha para a profissão,” diz Isis.

A Virada com Tony Gomes e a Conquista da Dior

Mas como toda boa história, sempre há um herói improvável – e aqui ele atende pelo nome de Tony Gomes. Quando Isis já colecionava mais nãos do que cabia numa semana, eis que surge Tony, da agência de modelos Metropolitan, um verdadeiro divisor de águas. Foi ele quem enxergou em Isis algo além do padrão de beleza e abriu o caminho para sua primeira grande conquista: o contrato com a Maison Dior. Entrar na Dior foi como ser lançada em um universo de alto risco e alta recompensa. Lá, ela se tornaria modelo de prova para o gênio Raf Simons e seu braço direito Pieter Mulier, com quem desenvolveu uma química de trabalho rara e profunda.

“Não é fácil manter a cabeça erguida com não atrás de não (e isso resume essa profissão) e ainda ter que visitar mais agências.
Acho que eu nunca desisti porque no fundo sempre soube que tinha algo a mais, e o turning point veio logo em seguida. Fui tentar mais uma agência, a “Metropolitan”, onde conheci o Tony Gomes e foi o que mudou o rumo da minha carreira/vida.
Tony se tornou um grande amigo e me levou flores no dia que completei meus 23 anos sozinha trabalhando.
Assinei com a Metropolitan e, poucos meses depois, fui contratada pela marca CHRISTIAN
DIOR para ser a modelo de prova/manequim viva da casa de costura (Maison), tornando assim Paris a cidade em que eu moraria pelos dois anos seguintes.” Revela a modelo.

Trabalhar na Dior exigia saltos altos, um sorriso no rosto e uma resistência de aço. Isis passava horas experimentando cada centímetro de tecido e bordado, cada molde e detalhe. Imagine só, horas a fio andando de lá para cá, em plena Maison Dior, como um manequim humano, numa coreografia que só quem respira moda poderia entender. Ui ui ui, isso é que é persistência, mon amour!

A Glória e as Dores nos Bastidores da Alta-Costura

E quando falamos de glória, não é glamour superficial. Isis viveu momentos que qualquer um guardaria no coração: desfilou para a Dior em shows grandiosos, foi fotografada por Patrick Demarchelier e Paolo Roversi, e esteve em jantares que incluíam ninguém menos que Jennifer Lawrence e Rihanna. Momentos como esses não têm preço, mas a conta que Isis pagou em termos de dor física e emocional é uma história à parte. Quem vê o brilho de fora nem imagina o frio constante da Maison, onde ela suportava o ar congelante com vestidinhos de seda enquanto o resto da equipe estava bem agasalhado. E a dor? Ah, a dor era constante, especialmente nos pés. Mas desistir? Darling, essa palavra não fazia parte do dicionário dela.

“Meu trabalho consistia em ficar em saltos altos o dia todo desfilando pra lá e pra cá, em uma sala ampla, com cada mínimo detalhe de cada coleção – centenas de amostras de tecidos,depois cores diferentes dos tecidos selecionados, amostras de bordados, de desenhos, peles, couros, moldes das roupas no processo todo até estarem prontas, bolsas, óculos, chapéus etc.
Por dois anos seguidos eu trabalhei de segunda a sexta, na maioria dos dias jantava na Maison pois o trabalho ia até tarde e, quando tinha muito trabalho e também perto de desfiles, trabalhava aos fins de semana e em madrugadas – ao lado do gênio Raf Simons (segunda foto) e seu braço direito Pieter Mulier (hoje fazendo muito sucesso na Alaïa) – e muitos outros designers talentosíssimos.” Conta Isis.

O Reconhecimento de Raf Simons e a Consagração

“Não foi um trabalho fácil, mas eu aproveitei a oportunidade e sabia o meu privilégio.
Sempre passava frio (mantinham a porta balcão quase sempre aberta devido aos fumantes – podendo estar graus muito baixos do lado de fora, eu na maior parte do tempo de vestidinho e a equipe toda muito bem agasalhada) e tinha muita dor no pé, então digo que meu trabalho era aguentar essas dificuldades a cada dia, e sempre fiz o meu trabalho bem – novamente, sabendo o meu privilégio.
Choros ocasionais aconteciam depois do expediente, mas um belo dia no limite da dor no pé eu não aguentei, chorei cara a cara com o Raf – O Big Boss.”

Depois de um dia exaustivo, no qual finalmente permitiu que as lágrimas caíssem diante de Raf, Isis encontrou no dia seguinte um buquê e um bilhete que valem mais do que qualquer prêmio. Raf e Pieter, aqueles que criaram alguns dos momentos mais icônicos da Dior, reconheceram nela algo que vai além da beleza. “Você é a mais forte e a mais doce com quem nós já trabalhamos.” Para Isis, esse foi o verdadeiro ápice de sua carreira. Ser reconhecida por seu profissionalismo, sua força e, principalmente, por sua autenticidade foi o que a fez entender que, sim, ela tinha um lugar na moda e que era muito além do efêmero.

“No dia seguinte do ocorrido cheguei no trabalho e tinha flores pra mim com um cartão escrito: “Querida Isis, você é a mais forte, a melhor e a mais doce com quem nós já trabalhamos. Estamos felizes e muito gratos por trabalhar com você – Raf + Pieter”.
O melhor de tudo é que não era um elogio sobre minha beleza, e sim sobre minha pessoa,
minha persistência e profissionalismo que tive a carreira toda.
Esse foi o momento mais especial da minha carreira, o trabalho que mais me orgulho pela força que tive e está para sempre no meu coração. Foi incrível ver tantas mentes brilhantes, ser uma peça essencial de uma marca tão grandiosa e em Paris, minha cidade dos sonhos.” Se orgulha Isis.

Uma Carreira Feita de Escolhas e Raízes

Por trás do glamour, há uma mulher de carne e osso, que lutou contra transtornos de imagem, anorexia, bulimia, pressões para manter o corpo perfeito e a eterna ansiedade do que vem a seguir. E ela reconhece, com gratidão, que essa caminhada só foi possível com o apoio de figuras-chave, como Tony Gomes e sua mãe, Vivian, seu verdadeiro pilar. Entre Elite, Metropolitan, Ford e outros nomes, Isis sempre encontrou profissionais que apostaram nela, mas nada disso teria sido possível sem sua base familiar e, claro, sem a força que ela encontrou dentro de si.

“Logo que eu comecei a ser modelo, eu sempre fui uma pessoa magra, mas eu não sabia dessa exigência do mercado, que você tinha que ter no máximo noventa centímetros de quadril. Eu nem fazia ideia de quanto meu quadril media. Um belo dia, eu estava na agência, me mediram: noventa e três centímetros de quadril. Foi um negócio assim, tipo fim do mundo. A reação deles foi dura: ‘Pelo amor de Deus, você tem que ter noventa de quadril no máximo; dessa maneira, você não pode ser modelo, você não vai trabalhar, não vai fazer teste de clientes. Você tem que ir para sua casa e emagrecer.’ A partir desse ponto, eu nunca mais tive sossego. Virou um pesadelo alimentar a minha vida, né?
Voltei para casa e tentei emagrecer, mas nessa carreira você tem que emagrecer rápido. Eu precisava emagrecer rápido para voltar para São Paulo logo, para trabalhar. Tentei no início de todas as maneiras ser mais saudável, me alimentar melhor, mas não estava dando certo. Comecei a comer menos, menos e menos, e vi que estava emagrecendo mais rápido. Foi assim que desenvolvi anorexia, emagreci, emagreci. Quanto mais magra eu estava, mais elogios eu recebia. No mundo da moda, percebi que quanto mais magra você estivesse, melhor. A anorexia se desenvolveu assim.”

Aos 20 anos de carreira, Isis se permite refletir: mesmo com a pressão e as lágrimas, ela ainda se surpreende por estar no mercado, transformada por cada etapa, cada não e cada sim que moldaram a mulher e a profissional que é hoje. Sua fala rasga o véu do glamour e revela uma realidade que muitos preferem ignorar. Não é só sobre tirar uma foto bonita ou caminhar impecável na passarela, darling; é sobre viver sob uma pressão surreal que dita o tamanho do seu quadril como sentença de sucesso ou fracasso. Anorexia, bulimia e compulsão alimentar não são apenas ‘fases’ – são marcas de uma indústria que, por anos, se alimentou de padrões impossíveis. Ui ui ui, quantas Isises ainda precisam sofrer até que esses padrões absurdos sejam repensados?

“Voltei para casa e tentei emagrecer, mas nessa carreira você tem que emagrecer rápido. Eu precisava emagrecer rápido para voltar para São Paulo logo, para trabalhar. Tentei no início de todas as maneiras ser mais saudável, me alimentar melhor, mas não estava dando certo. Comecei a comer menos, menos e menos, e vi que estava emagrecendo mais rápido. Foi assim que desenvolvi anorexia, emagreci, emagreci. Quanto mais magra eu estava, mais elogios eu recebia. No mundo da moda, percebi que quanto mais magra você estivesse, melhor. A anorexia se desenvolveu assim.
Mas a anorexia não ficou por muito tempo, porque meu corpo não aguentava mais, estava gritando por comida. Morando com outros modelos, algumas tinham o hábito de comer muito e depois tomar laxantes. Aprendi isso com elas, e depois fui descobrir que isso era bulimia. Passei a usar laxantes quando comia muito, mas depois de alguns meses o laxante parou de fazer efeito, e o que sobrou foi a compulsão alimentar. Com dezessete anos, eu já tinha desenvolvido compulsão alimentar, e esse ciclo de compulsão e anorexia me acompanhou por quinze anos.”

Honey Lee, o relato de Isis nos faz refletir sobre o ciclo destrutivo em que tantas jovens acabam presas. Não é coincidência que muitas modelos vivam em um misto de privação e compulsão, tentando encaixar seus corpos em moldes criados por alguém que nunca vestiu um par de saltos em um casting. É uma maratona sem fim, darling, onde a linha de chegada é invisível e a vitória é ilusória. E o custo? Ansiedade, depressão e um impacto psicológico que fica para sempre. Porque, sim, não basta ter o rosto ou a pose certa; é preciso ter o corpo milimetricamente adequado, custe o que custar.

“Era um ciclo. Quando eu estava em Paris, Milão ou Nova York, precisava emagrecer muito rápido. Comia o mínimo possível; às vezes ficava só comendo maçã ou passava três dias comendo só abacaxi. Nos primeiros anos da minha carreira, quase nunca jantava. Eu só jantava uma maçã, ou um iogurte, e vivia esse ciclo de ansiedade, depois depressão, me punindo para emagrecer o que tinha comido. Minha vida girava em torno disso.
Fiz várias pausas também, porque tinha épocas em que engordava dez quilos e não conseguia emagrecer. Isso impactava muito a cabeça, e eu me sentia um fracasso. Afinal, meu trabalho era ficar magra. Quando eu chegava ao ponto de compulsão, me sentia um fracasso, e minha autoestima ia lá para baixo. Chorava muito para minha mãe. Demorei para abrir esse problema para minha família, mas mesmo assim eles não tinham como me ajudar. Tentei terapia, mas parecia que precisava de muita terapia. Resolvi tomar remédio para ansiedade, mas isso também não ajudou nos transtornos alimentares.”

A trajetória de Isis Bataglia nos remete que o glamour da moda é feito de suor, lágrimas e uma vontade de ferro. Cada passo na passarela é uma vitória contra as adversidades e uma prova de que a moda – e seu impacto cultural e social – são forjados por histórias como a dela. Quando a pandemia bateu à porta, as coisas se intensificaram. Com a compulsão e a ansiedade no auge, Isis se viu encurralada. ‘Ser magra a qualquer custo’ já não era mais uma opção; era uma sentença que ela precisava revogar. E foi então, Honey, que ela encontrou uma saída: o apoio de um nutricionista que a ensinou a comer – não para a balança, mas para a vida. Imagine só! Passar tantos anos sem saber o que é fome ou saciedade, porque o que importava era o mínimo possível no prato. E foi exatamente essa nova abordagem que trouxe de volta a saúde e a liberdade para Isis. Bravo, Isis, você nos representa!

“Na pandemia, foi um dos momentos mais difíceis. Ganhei muito peso, dez quilos a mais do que estou hoje, e a ansiedade e a compulsão estavam a mil. Pensei em parar de ser modelo, mas então encontrei um nutricionista que mudou minha vida. Eu achava que meus problemas eram por causa da ansiedade e da carreira, mas ele me ensinou a comer de forma saudável. Com ele, aprendi a comer e a ser saudável, e percebi que nunca tinha sido saudável.
Esse nutricionista me mostrou que minha fome extrema era, na verdade, falta de nutrientes. Um médico me disse que essa fome crônica compulsiva só resolveria se eu parasse de ser modelo. Hoje, estou livre da compulsão e da anorexia. Claro, sobra um pouco da pressão eterna com o corpo, porque ela sempre existe, mas hoje, com mais maturidade, aceito meu corpo. Voltei aos noventa e três de quadril, e hoje está tudo bem.”

Isis finalmente encontrou uma saída, mas foi um caminho árduo, darling. Depois de anos de guerra silenciosa contra o próprio corpo, ela percebeu que a chave não estava em dietas mirabolantes ou no número da balança, mas em um entendimento profundo do que seu corpo realmente precisava. Em vez de responder à pressão para “sumir” a qualquer custo, ela encontrou um nutricionista que a ajudou a ouvir o próprio corpo, e não os padrões. Hoje, Isis olha para trás e vê que não era a aparência o problema, mas sim a falta de nutrientes e o impacto psicológico de tantas exigências. E com um quadril de noventa e três centímetros – o mesmo número que um dia a condenou – ela finalmente vive em paz, provando que a saúde e a aceitação são o verdadeiro padrão de beleza.

“Esse nutricionista me mostrou que minha fome extrema era, na verdade, falta de nutrientes. Um médico me disse que essa fome só resolveria se eu parasse de ser modelo. Hoje, estou livre da compulsão e da anorexia. Claro, sobra um pouco da pressão eterna com o corpo, porque ela sempre existe, mas hoje, com mais maturidade, aceito meu corpo. Voltei aos noventa e três de quadril, e hoje está tudo bem.
Antes, era muito duro; engordava um pouco, e diziam que eu tinha uma semana para emagrecer. Era uma pressão psicológica muito forte. Teve uma vez na Argentina que eu engordei e a dona da agência falou: ‘Você tem quatro dias para perder dois centímetros de quadril, senão vamos cancelar todos os seus trabalhos.’ Hoje, com a pandemia, a moda também abriu espaço para corpos diferentes. As agências me dizem que não preciso mais estar tão magra, que os clientes me pedem do jeito que eu sou agora. Hoje eu sou saudável, e vejo que muitos dos problemas eram por falta de nutrição. Era tudo pela magreza, a qualquer custo. Achei que estava presa nisso sem solução, mas vejo que é possível sair. Ainda hoje, muitas meninas passam por isso, não só na moda, mas em outras áreas.”

E para você que sonha em trilhar esse caminho, fica a dica: prepare o salto, o coração e, principalmente, a alma, porque a moda exige – mas também recompensa. Porque, darling, como diz a nossa musa Isis, ‘Eu ainda estou aqui.’ E isso, meus queridos, é o verdadeiro babado resiliente da moda… seja ela no Brasil ou no mundo, o que muda é o CEP, honey! Seu corpo é seu templo, mon amour, e merece ser celebrado e cuidado com carinho – como Isis, que agora abraça cada centímetro com orgulho. Que sua trajetória seja uma inspiração para todas as mulheres, modelos ou não, a honrar suas histórias e seus corpos da forma correta.

Foto: Reprodução