Era uma tarde nublada, daquelas que prometem chuva, mas seguram o drama para o momento certo. E não podia ser diferente honey: o Museu do Ipiranga, palco do “grito” da independência brasileira, agora testemunhava outro tipo de liberdade, uma emancipação carregada de fios, contas e ancestralidade. Sob a direção visionária de Gustavo Silvestre, o projeto Ponto Firme teceu não só roupas, mas memórias, resgatando a essência de um Brasil que não pode — e não deve — ser apagado. À frente desse momento histórico, quem surgiu? Dandara Queiroz, a modelo e atriz indígena que, emocionada e com a força de seus ancestrais, entrou para a história ao abrir a apresentação.
Dandara trouxe consigo o olhar de resistência e orgulho, carregando na pele a tradição indígena e, no rosto, uma pintura que dizia mais do que palavras jamais poderiam expressar. Ao cruzar aquele primeiro passo, Dandara firmava território em um Brasil que, em seu âmago, pertence ao seu povo. “Posso falar de emoções profissionais, de emoções ancestrais, de emoções históricas, colonizadoras, assim, tantas coisas. A história da marca, como a minha, sabe? Eu tenho um passado que interliga muito a realidade da marca, então todas as vezes que eu desfilo para a Ponto Firme, eu choro,”
“Posso falar de emoções profissionais, de emoções ancestrais, de emoções históricas, colonizadoras, assim, tantas coisas. A história da marca, como a minha, sabe? Eu tenho um passado que interliga muito a realidade da marca, então todas as vezes que eu desfilo para a Ponto Firme, eu choro”
Revela Dandara Queiroz, voz embargada pela emoção de se ver, ali, em plena passarela, refazendo a história. Seu pai, ali presente, assistia à cena como quem observa um reencontro de eras, de sangue e de luta. No backstage, a felicidade de Dandara iluminava a todos ao redor. Cada passo, cada olhar, uma resistência.
Honey, quando falamos de Gustavo Silvestre, falamos de um mestre das linhas que sabe que moda é mais do que tecido e corte. O projeto Ponto Firme transcende a indústria; é um manifesto visceral. Silvestre não cria para satisfazer o mercado, ele cria para o mundo, usando a passarela como uma plataforma de ativismo. E foi exatamente isso que ele trouxe ao Museu do Ipiranga: uma coleção que parecia gritar — silenciosamente e com a força de mil vozes — por justiça, por reconhecimento, por independência verdadeira. Tecidos que lembram redes de pesca, bordados que evocam rituais ancestrais, e tramas que unem passado e futuro em uma só peça. É como se cada vestido fosse um ato de resistência, uma bandeira de luta sob a pele… – E que pele!
Mon amour, esse poder de impacto e transformação é ressaltado pela modelo e apresentadora Isabella Fiorentino, que se emocionou ao receber o convite para desfilar para o Ponto Firme. “Bom, esse convite do Gustavo surgiu lá em Paris, quando eu fui assistir ao desfile dele. E eu fiquei, assim, super lisonjeada, né, com esse convite. E aí, agora, cá estou eu, muito feliz de estar desfilando não só para o estilista Gustavo Silvestre, que é um estilista que todo mundo sabe do talento que ele tem, mas também pela causa, né. Ele impacta tantas vidas, e eu sei que a vida dele também foi muito impactada por todo esse projeto do Ponto Firme,” conta Isabella, com brilho nos olhos. E ela foi além, destacando a importância de um projeto que transforma vidas, capacitando detentos e oferecendo uma segunda chance, com a delicadeza e a paciência que cada ponto do crochê exige.
“Que sirva de exemplo também para outros estilistas apoiarem causas como essa, né, que faz um bem enorme para essas famílias.”
Honey Lee do meu tum-tum-tum… cada modelo que pisou naquela passarela carregava em si uma metáfora viva. Eles eram, ao mesmo tempo, peças de arte e peças de um quebra-cabeça maior — o quebra-cabeça da identidade brasileira. E isso é exatamente o que faz o Ponto Firme ser tão impactante: o projeto não trata de “tendências” efêmeras, mas de algo muito maior e mais profundo. As roupas têm o peso de quem entende que moda não é futilidade, mas uma linguagem de poder e liberdade. Gustavo escolheu o Museu do Ipiranga para recordar ao público que, embora muito tenha sido conquistado, há muito ainda a ser reconquistado darling!
Com um casting carregado de brasilidade, o desfile da Ponto Firme trouxe nomes de peso como Marina Dias, Dandara Queiroz, Sayonara Romão, Daiane Conterato, Vivi Orth, Fabricio Santana, Larissa Battistin, Augusto Lopes e Aline Araújo, cada um contribuindo com sua própria energia e identidade. Entre os momentos mais marcantes, Maya Massafera, que chegou a sofrer uma queda durante o ensaio, brilhou na passarela e provou sua força. Halessia, com seus longos cabelos cor-de-rosa, canalizou a confiança de uma verdadeira angel da Victoria’s Secret, complementando perfeitamente seu look icônico. E, claro, Isabella Fiorentino, sempre impecável, trouxe todo o glamour que só uma verdadeira diva pode oferecer.
A presença de Dandara Queiroz na abertura foi a cereja no bolo, ou melhor, a flecha certeira no coração dos desavisados, honey! Em tempos em que a representação indígena ainda luta para ocupar espaços de protagonismo, vê-la ali, tocando aquele solo tão significativo para seu povo, foi como presenciar uma profecia se cumprindo. No ‘novo grito’ de independência, são as raízes indígenas que tomam o palco. E que palco, viu? O icônico Museu do Ipiranga se transformou em uma passarela de resistência, onde glamour e ancestralidade se encontram, e cada pisada, honey, carrega uma mensagem… Tá?
Quando Gustavo Silvestre encerrou sua apresentação, não foi apenas um desfile que terminou darlings do meu Brasil. Foi um chamado, uma invocação ao passado para que este nos guie rumo ao futuro. E, meus amadinhos, se você acha que moda é apenas beleza vazia, é porque ainda não viu o que o Ponto Firme é capaz de fazer. A cada ponto e cada trançado, esse desfile nos remete que a moda pode — e deve — ser um ato político. Em tempos de rápidas tendências e consumo desenfreado, Silvestre corre na frente e nos chama a refletir e a lembrar: um Brasil só será completo quando for de todos. (OK, Todes também!)
Seja para você que é apaixonado por moda ou para o curioso sobre história, este desfile ecoa honey. E que esse eco reverbere até que o país possa, enfim, vestir com orgulho o legado de seu verdadeiro povo. A independência está mais perto do que nunca, e ela desfila firme — com Dandaras, com Gustavos, com o Brasil.
Foto: @agfotosite
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