O jogo da reinvenção com Demna Gvasalia no comando, Balenciaga abraça o conceito de desconstrução e recriação da alfaiataria clássica, dando à coleção um ar de contemporaneidade que não perde o foco na herança da marca. Pense em trench coats dramáticos com proporções exageradas, ombreiras que poderiam sustentar o peso do mundo e uma paleta de cores que vai do monocromático austero ao neon mais descolado, evocando um universo onde o clássico encontra o disruptivo honey. A alfaiataria foi estendida, recortada e até mesmo desafiada por cortes assimétricos e camadas que brincavam com a geometria. – Sexy is back!
Os tecidos principais da coleção são uma aula de contrastes. Lã, couro e seda pesada dominam as peças de alfaiataria, mas há também o toque futurista do neoprene e o minimalismo sexy da lycra moldando o corpo com perfeição. O preto total aparece imponente, mas, como Balenciaga não faz nada pela metade, o rosa chiclete e o neon pink entram na jogada para dar aquele soco no visual que você não esquece darling. É uma mistura perfeita de tradição e vanguarda.
O grande trunfo da coleção são as silhuetas. As peças oversized, com ombros dramáticos que mais parecem ter saído de um filme de ficção científica, trouxeram a alfaiataria para uma nova era. O jogo de proporções gigantescas que marca essa temporada fala diretamente com a ideia de poder e presença. E não pense que é só volume por volume; há um pensamento afiado por trás de cada costura. O trench coat clássico foi reinventado com camadas que, literalmente, se empilhavam. Por baixo, calças com recortes precisos e amarrações inusitadas complementavam looks que desafiam a gravidade.
Vestidos estruturados, feitos de materiais rígidos, abraçavam o corpo das modelos como armaduras do futuro. Para quem achava que as ombreiras morreram nos anos 80 querides, é melhor rever seus conceitos — elas estão de volta, maiores e mais audaciosas do que nunca. – Isso é poder honey!
A cartela de cores foi um jogo de emoções. O preto, claro, dominou boa parte da coleção, evocando uma atmosfera de mistério e poder. Mas aí vieram os flashes de cores neon, como rosa, azul elétrico e o icônico pink Balenciaga, trazendo um contraste que era, no mínimo, uma provocação visual deliciosa. Essas cores não estavam ali por acaso baby, eram para lembrar a gente de que até nas sombras, a moda pode brilhar e, convenhamos, Balenciaga não tem medo de ser o holofote. A combinação da austeridade do preto com a alegria provocativa das cores neon criou uma dualidade visual que falava diretamente sobre o equilíbrio entre tradição e modernidade.
E claro, não poderíamos falar da Balenciaga sem mencionar o casting diversificado, que foi orquestrado com maestria pela diretora de casting Franziska Bachofen Echt. As modelos — selecionadas a dedo — desfilaram com uma postura que gritava poder e confiança, refletindo a pluralidade da moda contemporânea. Desde figuras icônicas como Malgosia Bela e Liu Wen, até novos talentos como Luiza Perote, a única brasileira no casting babadeiro, a passarela vibrava com personalidades distintas. Com nomes que vão além das passarelas, como Romeo Beckham e o artista Eliza Douglas, que fechou o desfile com uma presença arrebatadora, a Balenciaga trouxe à tona a complexidade da moda moderna.
Mas a diversidade não parou nas modelos femininas. Homens como Kit Butler e Finnlay Davis, assim como personalidades não-binárias, também brilharam, reafirmando que a moda, para Demna, é uma expressão sem limites ou rótulos. Agel Akol, Akolde Meen, e Awar Odhiang foram alguns dos modelos que desfilaram com a força de uma nova era da moda, onde identidades fluem livremente. A maquiagem impecável de Inge Grognard e os cabelos assinados por Gary Gill deram o toque final, transformando cada um em uma verdadeira obra de arte ambulante na passarela da marca.
O cenário, digno de uma performance à la Balenciaga, trouxe ares de uma passarela high-tech, misturando materiais espelhados e iluminação minimalista. O efeito visual era de estar em um universo distópico, onde a moda era a principal arma de sobrevivência. A música eletrônica pulsante e as luzes diretas focadas nas peças reforçavam a atmosfera futurista, quase como se as modelos fossem soldados desfilando sua armadura de estilo em uma missão de impacto global.
Os acessórios fizeram sua parte no espetáculo. As máscaras futuristas, que cobriam parcialmente os rostos, trouxeram um ar de mistério e poder. Bolsas minimalistas penduradas como amuletos e sandálias oversized complementaram as silhuetas sem esforço. E claro, os cintos que marcaram a cintura de algumas das peças trouxeram um contraste interessante com as proporções exageradas… – Ui, ui, ui!
A casa espanhola nos mostrou que o futuro não precisa ser previsível. Com uma coleção que ousa, provoca e redefine o conceito de alfaiataria, a Balenciaga grita aos sete ventos que as regras foram feitas para serem quebradas. Demna Gvasalia prova, mais uma vez, que está à frente do seu tempo, criando peças que desafiam o status quo, com uma mistura de tradição e futurismo que só a Balenciaga poderia entregar. É uma moda para quem tem coragem, para quem está pronto para carregar o peso do mundo nos ombros — ombros gigantes, é claro.
Comercialmente, a coleção promete cativar um público específico e fiel. As silhuetas exageradas e a alfaiataria disruptiva se alinham perfeitamente com o gosto dos trendsetters e consumidores de streetwear de luxo que buscam, mais do que roupas, uma afirmação de estilo e poder. Embora as peças mais conceituais possam não ressoar com o consumidor comum, os acessórios minimalistas e as adaptações para o varejo devem garantir sucesso nas prateleiras. A força de Balenciaga reside em sua capacidade de desafiar convenções e, ao mesmo tempo, manter sua base leal, atraindo os early adopters e criadores de opinião que transformam audácia em desejo.
Foto: Divulgação
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