Amores, se segurem nas cadeiras porque Visén nos jogou no meio de um furacão estético que arrancou os trilhos da passarela! Quem diria que o pós-vandalismo – sim, aquela arte de rua que deixa qualquer centro urbano com cara de batalha – seria o toque de Midas da moda brasileira? Pois é, enquanto os fashionistas do hemisfério norte ainda tentam reinventar a roda, Visén abriu as portas do seu próprio portal criativo e nos trouxe uma coleção que, se pudesse, sairia da passarela direto para os muros do Centro Histórico de São Paulo. Isso é moda ou é manifesto? A gente te conta agora.

Esqueça tudo que você sabe sobre moda – de verdade, joga fora. O que Visén fez foi pegar a rebeldia da pichação e transformá-la em arte conceitual de vestir. Porque, meu bem, esse desfile não foi apenas um show de roupas; foi uma aula de como subverter a ordem das coisas. As formas neocoloniais da arquitetura paulistana, geralmente relegadas ao olhar de turistas desavisados, foram a inspiração para os shapes da coleção. E que shapes! Pense em estruturas que brincam com volumes e proporções, como se Gaudí tivesse colaborado com um grafiteiro do Beco do Batman.

Mas não é só isso, claro. O que realmente faz os olhos arregalarem são as estampas. Imagine que aquelas letras indecifráveis do pixo foram convertidas em padrões que cobrem desde maxi casacos de pele falsa – porque ser fashion também é ser consciente, né, queridos? – até túnicas que parecem esculturas ambulantes. É o caos urbano materializado em puro luxo de passarela. E o melhor? Cada look parecia gritar uma frase, tipo um megafone visual. Dá pra sentir o pulso da cidade batendo em cada peça.

Agora, a gente sabe que moda não se faz sozinho, e Visén trouxe um verdadeiro dream team para fazer esse show brilhar. No comando do styling, Gabriel Fernandes e Júlia Moraes do Gaju Styling trabalharam como cirurgiões da moda, costurando narrativas visuais que, mesmo em meio ao caos aparente, exalavam coesão. Não foi à toa que cada look parecia uma extensão do anterior, como se estivéssemos assistindo a uma história sendo contada do início ao fim, sem cortes abruptos.

A beleza, por Maxi Weber, foi um show à parte. Se alguém por aí ainda pensa que maquiagem é apenas para embelezar, precisa urgentemente rever seus conceitos. Weber trouxe para a passarela um ar quase teatral, com makes que pareciam escorrer dos rostos das modelos, como se a tinta fresca ainda estivesse secando. Era como se cada modelo fosse uma tela viva, pronta para sair em um rolê pelas ruas de São Paulo e deixar sua marca – literalmente.

E vamos falar da trilha sonora, porque sem som não tem show, né? Lea Blua foi certeira ao compor uma trilha que fez o público se sentir como se estivesse andando pelas ruas ao lado de Banksy. Era um mix de batidas urbanas, sons industriais e aquele toque de melancolia que só uma cidade como São Paulo pode oferecer. Uma trilha que elevou a experiência sensorial do desfile a níveis quase sinestésicos.

E por trás de cada passo dado na passarela estava Will Pissinini, o maestro do casting e da direção de passarela. Ele orquestrou tudo com uma precisão que faria Miuccia Prada aplaudir de pé. E o casting? Maravilhoso, com rostos que refletiam a diversidade e a crueza das ruas. Não foi sobre beleza convencional; foi sobre atitude, presença e aquele “quê” de autenticidade que faz toda a diferença; como a top model Indyra Carvalho que abriu a apresentação.

O que dizer desse Portal que Visén abriu e nos deixou atravessar? É como se ele tivesse nos dado as chaves para um novo mundo, onde a moda não é só sobre o que você veste, mas sobre quem você é e o que você está dizendo ao mundo. E no caso de Visén, ele está gritando – com todas as letras maiúsculas e em negrito – que a moda não tem mais espaço para o superficial. Ela é, sim, uma arma poderosa de expressão e, acima de tudo, de contestação.

Portanto, da próxima vez que você vir uma pichação em um muro qualquer, não torça o nariz. A moda já entendeu o recado, e Visén foi o primeiro a traduzi-lo em luxo. Se essa é a nova era da moda brasileira, estamos prontos para ela, com as mangas arregaçadas e o coração batendo no ritmo caótico das ruas.

Foto: Divulgação – Ag. Fotosite
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