Meu bem, prepare seu coração e seus olhos porque o que vou te contar agora é daqueles acontecimentos que fazem a gente acreditar que a moda, além de tudo, é pura poesia. Mônica Anjos, minha querida, fez chover na passarela da Casa de Criadores com a coleção “Olhos D’Água”. E não era qualquer chuvinha não, era tempestade de criatividade, de alma, de literatura. Sim, porque dona Mônica decidiu brincar de deusa e transformar a obra de Conceição Evaristo em roupa que emociona, que faz a gente querer gritar “EU QUERO!”
Vamos combinar, meu amor, que não é qualquer um que transforma um conto literário em vestido, kafta ou kimono. Mas Mônica Anjos, essa feiticeira das agulhas e tesouras, conseguiu. Inspirada por “Olhos D’Água” de Evaristo, ela trouxe para a passarela um espetáculo visual digno de aplausos de pé (e quem estava sentado no desfile, certamente, teve que se levantar). As divindades Oxum, Yemanjá e Iansã não só desceram à Terra, como vieram de Uber Black, meu bem, e estavam divinas, literalmente!
(Foto 1: Olha esse look! Um mix de estampas que faz qualquer fashionista tirar print na hora e postar no Instagram com a hashtag #NecessitoUrgente.)
E o que dizer dos búzios, transformados em olhos por Junior Pakapim? Olhos que tudo veem, que tudo sentem. São eles que adornam essas peças que parecem saídas de uma viagem espiritual – e quem dera todos nós pudéssemos embarcar nessa junto! Ah, e os tecidos, amor? Fluidos como as águas, estampados como os sonhos de uma noite tropical. Mônica Anjos conseguiu, de novo, fazer o impossível parecer natural.
E a trilha sonora? Baphoo! DJ Biabless deu o tom e fez da passarela um terreiro moderno, onde a moda e a música dançaram de mãos dadas. Tudo isso enquanto a beleza assinada por Débora Sanjees, Maxi Weber e Ori Afrofuturo transportava o público para um universo onde o afrofuturismo não é tendência, é realidade. Uma beleza que não quer apenas enfeitar, mas quer contar histórias, gritar identidades e, quem sabe, mudar o mundo.
Esse modelo com a coroa de búzios, meu bem, poderia facilmente ser uma reencarnação moderna de algum rei africano. E olha que elegância, que presença!
E a passarela? Um verdadeiro oceano de cores, texturas e significados. Os modelos deslizavam como se andassem sobre as águas, cada movimento meticulosamente pensado, cada detalhe uma obra-prima. A suavidade dos tecidos contrastava com a força das mensagens. Foi um desfile ou uma mensagem divina? Fica a dúvida.
Essa moça com o vestido branco é a personificação do que Evaristo deve ter imaginado ao escrever sobre águas calmas e profundas. Quase uma visão do paraíso.
Mas Mônica não parou por aí. Ah, não, querido! Além de criar uma coleção que é pura arte, ela nos deu uma aula de sustentabilidade. Cada peça, um suspiro da Terra, um grito de socorro que foi ouvido e atendido. Os tecidos sustentáveis, o corte impecável, tudo pensado para que a moda não seja só beleza, mas também consciência. Porque, convenhamos, ser fashion é ótimo, mas ser fashion e consciente é muito melhor!
O que ficou desse desfile, além do desejo insano de correr para o closet e repensar tudo o que temos lá? A certeza de que Mônica Anjos é uma das grandes. Não é à toa que a moda brasileira tem ganhado o mundo – e se depender dela, vai continuar a conquistar corações e mentes. A coleção “Olhos D’Água” é um estado de espírito, uma celebração à vida, à ancestralidade e, claro, ao estilo.
Fechando com chave de ouro: um look que poderia estar nas páginas da Vogue ou em algum museu. Arte pura.
Então, se você, assim como eu, saiu desse desfile com vontade de chorar, rir, dançar e – por que não? – fazer uma oferenda a Oxum, saiba que não está só. Mônica Anjos nos deu uma aula de como a moda pode, e deve, ser mais do que apenas roupas. Ela deve ser uma extensão da nossa alma, uma expressão da nossa história e, acima de tudo, um manifesto de quem somos e de quem queremos ser.
Uma última olhada na passarela e… Uau, que espetáculo… os sapatos da Melissa deram um must a coleção! Que venha a próxima coleção!
Foto: Divulgação – Ag. Fotosite