O estilista indígena Maurício Duarte brilhou na 57ª São Paulo Fashion Week (SPFW N57), apresentando uma coleção que combina tradição, cultura e fluidez. Como o único estilista indígena a integrar o line-up do evento, Duarte trouxe uma visão única e autêntica para a passarela.
Em seu segundo desfile presencial na semana de moda paulista, Maurício Duarte direcionou seu olhar para a piracema. Esse termo, de origem tupi-guarani, descreve o fenômeno em que os peixes nadam contra a correnteza para realizar a desova. Inspirado por esse movimento natural, Duarte criou uma coleção que celebra a vida aquática e a conexão com as águas.
As escamas do pirarucu, um dos maiores peixes da Amazônia, foram o ponto focal da coleção. Essas escamas, um subproduto da pesca, foram habilmente bordadas em peças de crochê, lembrando as redes tradicionais. Além disso, as escamas também apareceram como detalhes nos acessórios, criados em colaboração com o designer mineiro Carlos Penna.
Duarte é conhecido por suas criações impactantes, e nessa colaboração, ele incorporou metais às roupas. São esses metais que sustentam os vestidos fluidos, com barras despontadas, representando a fluidez das águas dos rios. Pela primeira vez, o estilista explorou transparências, abandonando a estrutura rígida de suas coleções anteriores em favor de uma sensação de leveza.
A palavra-chave da coleção é água. Alguns vestidos apresentam pregas e drapeados que simulam um efeito molhado, evocando a sensação de estar imerso nas correntezas. As bolsas também fazem referência às ondas, com franjas de contas azuis longuíssimas.
Maurício Duarte não apenas cria moda, mas também compartilha a riqueza cultural e a importância das águas para os povos indígenas. Sua coleção na SPFW N57 é um tributo à natureza, à tradição e à beleza das águas que fluem pelos rios da Amazônia.
Foto: Ag. Fotosite
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